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3 de setembro de 2010 às 16:23 179 views

Como ser o melhor fotógrafo do mundo…

Um Picasso vai sempre parecer pintado por Picasso. Hemingway soa sempre a Hemingway. Uma sinfonia de Beethoven soa sempre como uma sinfonia de Beethoven. Parte de ser um mestre é aprender a ‘cantar’ numa voz que seja apenas a sua.

Hugh Macleod.

Hugh Macleod é o autor do ‘Gaping Void’ um blog onde publicou à tempos um artigo chamado ‘como ser criativo’. Macleod sabe do que fala: inventou o cartoon em formato cartão de visita e está neste momento a preparar um livro baseado no artigo que refiro. No entanto Macleod escreveu o artigo – muito interessante aliás – a pensar no geral e eis que eu decidi partir para o particular, a fotografia, e enumerar uma dúzia de tópicos para o ajudar a ser o melhor fotógrafo do mundo: você.

1) Imite. Veja as melhores fotografias dos seus mestres – suponho que tenha alguns – e imite-os. Este conceito interessante vem das escolas de belas-artes onde os alunos aprendem a pintar copiando o trabalho dos mestres. Melhor, faça como um grupo de fotógrafos americanos que munidos de dados astronómicos e geográficos tentaram imitar o Ansel Adams até ao pormenor de onde o tripé foi colocado. Lembra-se de algum deles, ouviu falar deles? Não? Nem eu.
Esqueça esta regra, não funciona. Seja mau, seja bom, seja você mesmo.

2) Aprenda. Aprenda onde estão os botões todos da sua máquina e para que servem, aprenda a dominar a focagem, o tripé e as suas objectivas. Aprenda a fazer asneira, aprenda a falhar a fotografia que era para a capa da FotoDigital. Aprenda com os seus erros. Mas para isso cometa erros e quanto maiores melhor.

3) Compre o seu material. Esqueça o conselho dos profissionais, a sério. A lente que o seu fotógrafo favorito comprou é de certeza boa e fiável, aqui a questão é: precisa da lente, para quê e porquê. A sua criatividade só é limitada pela sua imaginação, use-a. Assim compre o material que lhe ajude a soltar a sua visão pessoal, não compre só porque é bom ou porque anda na mochila do seu fotógrafo favorito.

4) Leia. Muito. Mas comece sempre pelo manual da sua máquina, assim escusa de ficar eternamente na alínea dois…
Depois de ler o manual, leia ensaios, são chatos mas pelo menos não lhe querem enfiar uma noção de ‘visão pessoal’ que não lhe serve para nada. Leia os mestres e inspire-se. Mas não copie. Leia revistas, blogues, etc.
Apreenda tudo mas depois esqueça tudo, o que for realmente importante ficará à sua disposição na sua memória.

5) Vá a workshops. São locais óptimos para trocar ideias. Mas prepare-se: ninguém lhe vai dizer qual é a sua visão pessoal. Nem qual o caminho que deve seguir. Troque ideias com todos, sobretudo com o instrutor. Mas não repare em tudo o que ele fotografa com um sentimento de adoração, seja crítico, assuma o que faria de diferente e prepare-se para defender a sua posição. Seja curioso mas ao mesmo tempo não perca a ingenuidade de criança. Lembra-se de questionar sempre porquê?… Por outro lado rapidamente vai ser ‘corrido’ de todos os workshops com esta atitude. Questione sempre tudo. Principalmente questione-se a si mesmo.

6) Quer ser fotógrafo? Arranje um emprego, o que quiser, desde que não seja fotógrafo. Ganha dinheiro, sustenta a família, sustenta o cão e ainda faz umas massas para fotografar, brilhante não é? E melhor, pode ser você mesmo sem aturar os editores de fotografia nem os clientes a dizerem como querem as fotografias. Se não gostarem, paciência, é o seu trabalho e escolheram-no exactamente por isso.
Um pormenor importante: trabalhe como um profissional e comporte-se como tal.

7) Seja diferente, seja você. Especialize-se em algo muito seu. Fotografe só pétalas, fotografe só relva, fotografe o que quiser. Mas faça-o de forma a que seja reconhecido como seu.
Afaste-se do caminho já batido por todos os fotógrafos que conhece, escolha sítios pouco turísticos e com poucos turistas, se vir muitos autocarros parados e cestas de piquenique, fuja de imediato: está no local errado! Conheça os locais onde fotografa, os costumes da população, fale e recolha informações. Só o conhecimento profundo do local onde trabalha lhe pode trazer frutos, boas fotografias entenda-se. Imagine o seguinte: trabalha num banco e não sabe onde fica o cofre, consegue trabalhar? Claro que não…

8) Esqueça o bom e o mau. Se é confuso e o seu propósito é que seja confuso, porque é que é mau? As regras são fantásticas, indicam-nos o caminho correcto. O problema é que não há um caminho correcto, só há o seu caminho. Esqueça os conceitos fantásticos da pintura do século XIX e introduza os seus conceitos. Se é para ser confuso, se é para ser desfocado, se é para ser estático, faça-o. Se correr mal é o único culpado. Se correr bem, será considerado um visionário. A arte é tão subjectiva que muitas vezes o mau de uns é o excelente de outros. Van Gogh não vendeu um único quadro em vida e era mesmo considerado muito mau na época, hoje é o que sabe. Se mudasse de rumo e se dedicasse a pintar umas paisagens como os outros teria tido mais sucesso mas nunca teria chegado até aos nossos dias.

9) Assuma as suas posições. Não há nada pior do que dizer: mas o fotógrafo A tem um trabalho igual ao meu mas vende e faz capas e tal. Mas você não é o fotógrafo A e por isso não vende, não vende porque aprendeu a apenas a retransmitir o que vê e isso nota-se. Isto não é um concurso de popularidade, é a sua visão pessoal e isso não se pede emprestado, assume-se. Prepare-se para não ceder e para não vender mas se seguiu o conselho da alínea seis o seu problema não é dinheiro.

10) Arranje alguém que critique o seu trabalho. Melhor ainda, arranje alguém que arrase o seu trabalho. Exija honestidade e não trace limites para a crítica – tipo: ‘diz-me só o que achas das cores’ – e prepare-se para ser completamente arrasado. Ganha de duas formas:
a) descobre o que está mal;
b) ganha couraça para enfrentar as críticas.
Mas lembre-se desta regra de ouro: nunca, mas nunca, deve pedir que a crítica seja feita por um outro fotógrafo. Deus nos livre se o trabalho for mau vai ser achincalhado, se for bom não lhe vão dar o mérito que merece porque é um facto que o ser humano é invejoso. Procure alguém ligado à arte mas nunca à fotografia.
Outra regra de ouro: não desista. Por muito más que sejam as críticas. Se o diverte faça-o. Siga o seu caminho, não mude só porque lhe disseram para mudar mas se reconhecer que está errado aproveite as críticas para melhorar alguns detalhes.

11) Tenha uma experiência num site de partilha. Se quer saber do que se fala tanto inscreva-se no flickr/onexposure/vazaar/etc. mas prepare-se para ser hipnotizado, arrastado lá para dentro e achar tudo aquilo como uma experiência quase religiosa. No entanto mais tarde ou mais cedo vai perceber sobre o que se passa realmente lá e não tem nada a ver com fotografia. Entenda esta experiência como um spa para a mente, uma massagem para o ego. Mas os riscos de efeitos secundários aumentam com o tempo de exposição, a dosear com cuidado e moderação pois claro. O efeito secundário mais conhecido é a ilusão, a ilusão de ser um bom fotógrafo – e atenção que o pode ser – e de estar na crista da onda. A ilusão aumenta com o número de comentários inócuos e com o número de visitas, portanto corre o risco de ficar alienado e não ver o que de facto está à sua frente: todas as religiões têm o seu inferno. Prepare-se para o facto.

12) Saia mais, fotografe menos. De que lhe serve chegar a casa com 1.000 fotografias ao final de um dia de trabalho? A quantidade não está directamente relacionada com a qualidade, repare que mais fotografias só significam mais trabalho a seleccionar, editar e a arquivar todas essas imagens. E menos espaço nos discos rígidos. Seleccione mais, corra menos e não tente atingir a fama com excesso de zelo, Ansel Adams não ficou famoso por fotografar muito, ficou famoso porque saía muitas vezes para o campo, sabia minimamente o que ia encontrar (olá alínea sete…) e por vezes regressava a casa sem ter feito uma única fotografia. E esse argumento de que agora é grátis porque não tem filme para revelar, blá blá blá, é conversa mole para publicitários e donas de casa; antes de tentar estourar com o obturador da sua máquina digital – que diga-se dura cerca de 150.000 disparos em média numa boa reflex- aperfeiçoe as técnicas de composição. Antes pouco e bom do que muito e mau. Agora para aumentar as probabilidades de fazer umas boas fotografias seria interessante fotografar mais, logo saia mais.

13) inspire-se. Ouça música, veja filmes, leia um livro ou cozinhe. Mas não conte com os seus pares para se inspirar, o melhor que vai conseguir é que lhe tentem impingir – inconscientemente, claro – uma visão sobre a fotografia que deve fazer e isso não o leva a lado nenhum.
Arranje um fotógrafo favorito e siga a sua carreira, tudo o que que faz e como faz. Aprenda como faz uso das lentes que tem e porque as tem, aprenda como faz uso da luz e depois olhe para o seu próprio trabalho da mesma forma, vai descobrir coisas muito interessantes, sobretudo depois de ter ignorado a alínea três, ter torrado umas centenas largas numa qualquer lente e depois descobrir que em três anos apenas fez dez fotografias com ela…
Viva a sua vida e aproveite-a, repare que só tem esta.

14) Não leia ensaios que lhe dizem o que deve fazer, este incluído…

Sobre o autor:
Mário Venda Nova é fotógrafo, vive e trabalha no Porto, escreve na revista portuguesa Fotodigital e durante as horas de expediente é empregado bancário.


Achei o texto muito interessante e valeu a pena ler.. pra quema ama fotografia nada como saber fazer melhor aquilo que te agrada!

beijos queijos e tudo que tiver de doce.

foto: André Villas Boas
post: Raylson Martins

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