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16 de janeiro de 2024 às 03:59 15 views

Diário África 2023 parte 18 - final

Hoje vamos ter um programa bem light. Após o café da manhã a gente vai ver a vista panorâmica dos Murchinson Falls, já que com barco somente deu para ver de forma bem distantes e de baixo. Chegando perto agora, o poder da água realmente impressiona. 
Conheço os Vitoria Falls e Foz de Iguaçu, mas as águas do Murchinson falls  parece realmente mais poderosa, porque tudo se concentra praticamente num único ponto.  Sabe porque tem tantos crocodilos logo após a queda, inclusive a praia aonde descansam é chamada de “bar dos crocodilos’? 
Nada sobrevive à queda, qualquer peixe ou outro animal que é agarrado pela correnteza vai chegar do outro lado como cadáver. Todos gostam de facilidade, inclusive os crocodilos…rs

De tarde é um dia relax, o James vai lavar o carro e eu curto uma piscina no hotel na cidade de Masindi. De noite a gente vai dar uma volta na cidade para tomar umas cervejas Nile e ver o movimento. O James se diverte jogando sinuca, ele é muito bom nisso, inclusive me contou que foi participar num campeonato na África do Sul. Enquanto isso eu assisto um jogo do campeonato inglês na TV e depois o jogo de abertura da Afcon, o campeonato de nações que acontece na Costa do Marfim entre o dia 13/1 até 11/2. O anfitrão ganha 2:0 do fraco time da Guinea Bissau. Mas nos 3 jogos do dia seguinte, 3 supresas, Nigeria empata com Guiné Equatorial, Egito empata com Mozambique praticamente no final, e Cabo Verde ganha com autoridade do Senegal. Os jogos são muito ons de ver. 

No dia seguinte eu acordo com uma ressaca, não tenho mais costume de beber mais do que uma cerveja. Não exagerei, tomei umas 3 só, mas mesmo assim. Hoje somente temos uma hora de estrada para chegar no santuário dos rinozerotes, que foram extintos na época da guerra civil, tudo por conta do chifre que dizem ter poderes afrodisícos. Na boa cara, que tal deixar de matar os rinozerotes e cortar os paus dos homens broxas que ajudam indiretamente a levar esses animais à extinção? Sou muito a favor disso. 

O santuário é uma área privada de mais de 70 km2 que hoje é administrada pelo governo – pagando uma espécie de aluguel para o dono da terra. Hoje eles já tem 48 animais. O objetivo é chegar a 50 e começar a soltar dentro do parque nacional de Murchison, numa área que será controlada para impedir com que caçadores ilegais possam novamente fazer um estrago. Inclusive é proíbido no passeio de usar o GPS para não poder transmitir a localização exata dos animais e facilitar a vida de alguém. 
Um guia nos acompanha para fazer um tracking à pé, ou seja, você fica cara a cara com os rinozerotes, não tem cercas, não é um “zoológico” você fica sem qualquer proteção além da experiência do guia. Ele nos avisa, caso o animal comece a avançar, que a gente deve ir atrás de um arbusto. Eles não enxergam muito bem e por isso poderiam nos considerar uma ameaça. A sua zona de conforto é mais ou menos 30 metros, dependendo da situação. 

É algo muito legal esses “bushwalks”, como está nublado hoje, não está muito quente para fazer isso. Após cerca de uma hora, precisamos voltar, porque tem outros grupos de turistas chegando. Eu consigo umas fotos do carão dos dois rhinos que encontramos. Agora vai começar a volta: umas 3 horas até Entebbe, aonde vou ficar num hotel bem à margem do Victoria Lake. Antes fazemos um citytour por Kampala. Para entender melhor, Kampala e Entebbe é mais ou menos como Rio e Niterói. Tudo acontece em Kampala, a área de Entebbe tem menos comércio e vive muito em função do aeroporto que está recebendo uma expansão. As vezes eu me pergunto, como um governo faria uma expansão (que é muito alinhada com o Common wealth e a UN, tanto que o aeroporto da UN até hoje é aqui), se todos os planos de smart cities, etc já fossem um fato consumado. Por essas e outras eu sempre digo que tenho muito mais dúvidas do que certezas. 

Quando chego no quarto um susto: eu recebo um whatsapp do Kenya Airways, dizendo que me vôo para Nairobi vai atrasar, o que vai prejudicar a conexão para Johanesburgo. Não sei o que fazer ou pensar, caso desse merda com o vôo para o São Paulo, não sei como ficaria, porque comprei 2 trechos diferentes. 
Mas uns 15 minutos depois eu recebo um um outro whatsapp para acessar uma página que diz que o vôo de continuação será as 21 horas (ao invés das 13) com a chegada de 00:15 em Johanesburgo. A boa notícia é que não atrapalhar meu vôo, a má notícia é que novamente vou ter que mofar 9 horas no aerporto do Quênia. Vou tentar tirar vantagem da situação (fiz isso uma vez quando a companhia americana cancelou um vôo); vou dizer que conheço meus direitos, mas que não quero brigar e que seria muito legal receber um upgrade e poder viajar na business class. A companhia áerea não terá nenhum prejuízo com isso, caso haja lugar ainda, e eu vou ganhar um brinde merecido. 
Lembram da Lounge que fez obra de madrugada? Vou dar uma chorada lá também pedindo para não pagar tempo adicional dessa vez, eles certamente tem meu registro ainda que prova que fiquei lá no meio da obra…

Eu desço para jantar e informo o James que vai ter hora extra para ele, já que vamos para o aeroporto mais tarde…rs
A gente vai até o Irish Pub (praticamente o único Pub legal de Entebbe aonde todos se encontram. O James jogar sinuca de novo enquanto eu assisto o jogo Cabo Verde – Gana. Uma baita surpresa, pois o time de Cabo Verde ganha com autoridade. O jogo termina 1 da amanhã. Tem um DJ que mixa música africana e a gente chega no hotel quase 3 da manhã. Raro eu chegar nessa hora, ainda bem que tirei um cochilo quando cheguei no hotel. 

As 8:30 tomamos café e as 9:30 partimos rumo ao aeroporto, que fica uns 15 minutos de lá. É nítido que a segurança na rua é muito reforçada, porque vai ter um encontro do Common Wealth que começa no dia 17/1. É praticamente garantido que a cidade virará um caos por conta da segurança e de bloqueio de ruas para a passagem de delegações etc. 
Antes de chegar no aeroporto você tem que descer do carro para passar pelo raioX enquanto um oficial revista o carro do James. Só que esse raio X é uma zona, a mulher joga as coisas de várias pessoas na bandeja. Porra, muito fácil alguém que está na sua frente meter a mão na carteira ou no celular. Como havia um apressadinho atrás de mim, eu exijo que a mulher coloque as minhas coisas numa outra bandeja. Não é que eu vejo uma mulher reclamando do sumiço de algo? 
A gente chega até a entrada do aeroporto e dou uma gorjeta para o James, afinal ele teve umas despesas extras e nessa ele foi mais guia do que dono da agência, ele poderia ter mandado um guia, mas fez questão de ir pessoalmente comigo. A gente se despede e eu vou no próximo raio X, aonde me fazem esvaziar a mochila para colocar as câmeras de novo de maneira separada. Em Compensação eu ganho um adesivo “security check”, que não vale porra nenhuma por assim que fiz o check-in, sou obrigado a passar um outro raio X. Depois da Imigração, advinha? Sim, mais um raio X e apesar dos meus selinhos a mulher vem me pertubar de novo, pedindo para abrir a mochila e me pergunta sobre tudo, inclusive HD, lâmpada de cabeça, etc. Ah sim, e todas as vezes tem que tirar os sapatos.
E nessas horas que algumas se criam alguns problemas porque se irritam com os funcionários, porque realmente não faz sentido e é um saco. 
Geralmente o Kenya Airways é uma boa conmpanhia, mas hoje está foda. Além da mudança dos vôos, ainda estão atrasando o primeiro deveria ter saido uns 20 minutos atrás já. Até todo mundo embarcar vai sair pelo menos com 1 hora de atraso. Mas que me importa? Vou ter que esperar horas em Nairóbi mesmo, mas que está uma zona, isso está. 
Tem outras pessoas na mesma situação que eu, quando chego em Nairobi, o guichê tá uma zona, várias pessoas muito irritadas. Cara, nem adianta ficar assim. Eu espero esvaziar a fila e vou falando calmamente com a balconista, dizendo que estou triste com a Kenya Airways, etc. e que queria um upgrade para resolver da forma mais agradável. Ela pelo menos finge que está tentando, mas essa linha aerea está realmente cagando para as pessoas, na volta eu vejo se vale a pena processar, porque eles são obrigado a fornecer uma refeição. No restaurante tem direito a duas opções, a quantidade que vem da para alimentar uma criança. Eu fotografo a comida para ter provas depois.

Quando chego na lounge a recepcionista lembra de cara de mim: “Esse episódio da obra foi inesquecível”. Cono já são quase 5 horas, nem preciso de desconto, embora ela certamente o teria concedido. Eu aproveito e como mais alguma coisa. Se almoçar na lounge, já tirou quase os 35 doletas, vale a pena. Pode ir no banheiro largando sua bagam e a internet está realmente funcionando.
Algo que reparo ao estar sentado na entrada da lounge: como as pessoas estão viciados em QR code. Ao invés de colocar a senha para acessar a internet, usam o QR. Se alguém tem a habilidade de criar um malware assim, é muito fácil de fazer as pessoas cairem feito patos, principalmente os jovens, que parecem ter confiança total nessa tecnologia. O tempo passou relativamente rápido dessa vez, até porque ainda não havia feito o download das fotos dos rinozerotes, tem várias fotos que ficaram muito show. 

Eu não me liguei no checkin que me colocaram no pior lugar do avião, na última fila no meio. Mas a pior parte vem no desembarque. Quando me aproximo da esteira, já estou com aquele mau pressentimento. Sim. A “pérola” final do Kenia Airways foi de perder minha mala. Eu faço uma ocorrência, mas quando recebo o relatório mais tarde, eu vejo que o cara colocou “preto” ao invés de “cinza” e o número do tracking não funciona também no site. Tu manda e-mail e os caras não respondem. Meu seguro de viagem cobre 2500 reais, o que da nem para começar a brincadeira, porque todas as coisas da montanha estão na mala. 
A pior coisa é, que cada vez que você fica pensando no conteúdo, lembra de mais uma peça que perdeu. 
Por conta do registro, eu chego quase 2 horas no hotel. Logo mais tenho os últimos dois vôos. Como somente tenho a mochila das máquinas e sem nenhuma bagagem, não vejo como poderia acontecer mais algo extraordinário, só se o avião for cair. Mas aí vai estar no jornal. 
Triste ter que fechar uma viagem tão maravilhosa desse jeito. 

- fim - 

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