rolfmuller

11 de janeiro de 2024 às 14:11 20 views

Diário África 2023 parte 14

Hoje estamos explorando uma parte diferente do Serengeti em qual não fomos ainda. Depois dos leões ninguém viu mais nada de predador, então vou aproveitando para fotografar girafas, babuínos, mangustos e alguns hippos. Enquanto a gente almoça no carro, o sol se esconde atrás das nuvens de novo. Mas pelo menos hoje não vai chover. No final do dia o Patrick pega uma estrada que somente planíce, quase não tem árvores e nenhum animal à vista. No íntimo eu estou achando perda de tempo, portanto mais uma vez eu sou surpreendido. Tem guias que tem meio que um sexto sentido e o Mr. Kiboko é um deles. De longe eu avisto uma fila de carros, signal que tem algo de diferente acontecendo ali. Chegamos mais perto: um guepardo conseguiu caçar uma antílope, bem do lado da estrada. Melhor impossível. A gente ainda está longe da situação e como a grama é alta, não consigo ver nada ainda. Mas aos poucos os carros estão saindo e a gente vai se aproximando. Já falei que a paciência é um dos ingredientes mais importantes para conseguir boas fotos, né? A natureza não tem pressa, ela tem seu próprio ritmo. Seres humanos viciados em televisão e celular, ou seja no imediatismo, somente conseguem bons resultados por pura cagada. Natureza não é discovery chanel, ali havia uma equipe com a mesma paciência que eu ando tendo. Na média os leões fazem uma presa uma vez por semana, por aí podem ter idéia do que é preciso conseguir boas imagens. Claro que as equipes que fazem essas filmagens podem ir offroad e acompanhar os leões (é possível pagando uma taxa, que é bem salgada). Existe um outro risco portanto, principalmente após as chuvas fortes: atolar na grama ou na lama. 

De qualquer maneira consegui fechar o último dia no Serengeti em grande estilo. Amanhã precisamos estar fora do em torno de 11:30, ou seja, o gamedrive amanhã será bem “en passant”. 
Após o café da manhã a gente pega umas vias secundárias na direção da saída, inclusive a gente passa no lugar, onde o guepardo havia feito uma presa há algumas horas atrás. Mas a carcaça já sumiu, certamente as hienas limparam tudo. Alias, o guepardo precisa comer rapido, porque se tiver hienas na área, ele tem que largar a caça, ele não luta por ela. 
A gente almoça no gate mesmo, como tomei café da manhã as 6:15 da manhã, já estou com fome. Alias o Ali cozinha que é uma beleza, acho que já ganhei tudo que perdi na montanha de novo. A gente segue o nosso destino até o Mosquito River e chega lá em torno de umas 16 horas por conta da estrada que está una lástima. Patrick me conta depois, que na oficina onde ele tinha que fazer um conserto no freio, havia vários carros que precisavam de consertos. 
De noite eu assisto um jogo com Ali, ele é torcedor do Young Africans, que portanto joga muito mal e toma um pau do Zanzibar por 3:1. Embora Tanzânia não tem uma boa equipe, o futebol é o preferido esporte aqui. 
No dia seguinte precisamos estar na estrada as 7 horas para ir com calma, mas a gente se atrasa e somente sai umas 7:30. Até Arusha são umas 120 km e de lá mais uns 50 até o aeroporto. Eu preciso estar lá em torno de 10:40, meu vôo para Entebbe sai 12:40. A gente conversa bastante no caminho, vou sentir falta desses dois, principalmente do Mr. Kiboko, como eu gosto desse cara, divertido, gente boa e muito bom guia. Sabe aquele tipo de pessoa que todos gostam e se alguém disser que não gosta, não deve ser grande coisa? Esse é o Patrick. 

Ele mete o pé na tábua para compensar o atraso e é parado numa blitz. Eu teria dividido os 40 mil Schillings que sobraram entre os dois (ca. de 20 dólares), mas por conta dessa despesa extra, eu resolvo entragar o montante inteiro para o Mr, Kiboko, além da gorjeta que eu já havia preparado. 
Ao invés de dar dinheiro para ONGs, eu prefiro dar uma ajuda real para quem merece. Tanto o Honest quanto o Patrick foram unânimes em afirmar que as ONGs ali na sua quase totalidade não passam de máquinas de dinheiro. Na última vez que eu havia vindo, o dono de uma lodge me contou, que soube do caso de uma menina que pagou em torno de 6 mil Euros para fazer un voluntariado de 6 meses. Sabe como ela pude ajudar no desenvolvimento do país? Literalmente limpando bosta de elefante. 

Por essas e outras, já faz tempo que me tornei inimigos da maioria esmagadoras de ONGs, tudo braços de governos e grupos políticos. Se não existe para subverter a ordem de um país, serve a ganância dos seus donos ou então para saquear o país como no caso da Amazônia. Alias, num acampamento do Serengeti eu conversei com um italiano e lhe contei como Brasil está indo ladeira abaixo. Aí ele me pergunta: “Ue, mas e o ex-presidente, ele não estava destruindo a Amazônia?” Eu lhe perguntei, se ele leu ou viu qualquer coisa sobre o aumento absurdo das queimadas nesse atual governo. Ele disse que não. “Pois é meu amigo, para de assistir essa mídia lixo que somente mente e distorce.” 
A maioria esmagadora das pessoas na Europa não fazem a menor idéia que o dinheiro que estão dando para ONGs não serve aos seus propósitos, pelo contrário, eu lhe disse que o ex-presidente estava expondo essas organizações e por estava sendo combatido internationalmente. Ele queria saber como o ex-atual conseguiu ser eleito. Eu expliquei para ele tudo daquela forma direta, passo à passo, inclusive envolvendo siglas de 3 letrinhas. Ele ficou de cara. Assim vou plantando sementinhos pelo mundo…

Chegando no aeroporto um abraço caloroso de despedida dos dois. Teve um desencontro de comunicação e o Castro e o Honest não conseguiram estar no aeroporto. 
O aeroporto do Kilimanjaro é pequeno, logo na entrada tem um raio-X, antes do check-in. Aí você anda 20 metros, passa pela imigração e tem outro raio-X. Esse tipo de coisa nunca fez sentido para mim. Que nem um aeorporto que sai do avião para fazer pegar um vôo de transfer, ou seja nem sai do hangar e antes de embarcar tem outro raio-X. Porra, imagina, eu embarquei com algo explosivo, aí eu penso assim, ah não, não vou fazer um atentado nesse avião, vou deixar para eplodir o próximo…kkkkkk
 

continua...