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27 de abril de 2010 às 17:18 5 views

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(foto: Em 1968 Clarice participa da manifestação contra a ditadura militar, chamada "Passeata dos 100 mil"

Achei interessante uma entrevista com uma professora , e uma das perguntas é sobre a atuação de Clarice Lispector em movimentos ideológicos como a ditadura militar.

IHU On-Line - Qual foi o papel de Clarice Lispector durante a ditadura militar?

Yudith Rosenbaum - Relembro aqui a resposta que a própria Clarice deu à pergunta do jornalista Júlio Lerner , durante entrevista concedida à TV Cultura em 1977. Lerner havia perguntado qual seria o papel dos escritores e intelectuais da época, ao que Clarice respondeu: “Falar o menos possível”. O engajamento de Clarice Lispector ainda é um tema polêmico, pois sempre foi cobrada pelos críticos a ter um posicionamento social mais explícito, a interferir de maneira mais contundente. O fato é que Clarice participou da passeata dos artistas em 1968 no Rio de Janeiro contra a repressão, não tendo nenhuma atuação direta na linha de frente da resistência à ditadura. Seu papel como escritora era buscar uma linguagem própria, original, que descortinasse as sutilezas das formas de poder e mostrasse a natureza contraditória e ambígua do ser humano – em qualquer tempo e lugar. Por isso, Clarice manteve-se distante dos apelos ideológicos, preferindo explorar o mundo das relações domésticas e interpessoais, espaço privilegiado para a reprodução das ideologias.

No seu trabalho como cronista do Jornal do Brasil (de 1967 a 1973), levantou questões relativas à sua época, mas nunca se submeteu a qualquer patrulhamento que lhe tirasse a liberdade radical de dizer a verdade de si mesma. O processo de conscientização que sua literatura produziu nos anos difíceis da ditadura (e que produz até hoje) se deu pelo valor estético de seus textos, seja falando da intimidade de uma dona-de-casa, seja pelos relatos semi-biográficos em que mostra as desigualdades de classes sociais no Recife. Mesmo sem uma atuação militante, Clarice se posicionou com a literatura, qualificando o campo da linguagem como território privilegiado. No entanto, ela sempre deixou claro que a literatura, pelo menos para ela, não muda nada, não transforma nada.

A entrevista com a professora pode ser vista na íntegra aqui

(a pedido de pyanelly

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