21 de abril de 2021 às 17:00 17 views A primeira aceleradora de startups da América Latina, voltada para o mercado da cannabis, chega ao Brasil
Para aquecer o mercado de cannabis nacional, a primeira aceleradora de startups da América Latina voltada para o segmento, Cannabis Company Builder (CCB), desembarcou recentemente no Brasil. Quem comanda a aceleradora é o uruguaio Andres Israel, que entrou pro ramo do cannabis em 2018 quando ele fazia um curso na Universidade de Stanford. Neste ano co-fundou a CanabiZzz, empresa de produtos para o sono à base da planta. Israel se uniu com Alejandro Antalich, ex-presidente da ICC Labs, a qual foi vendida para Aurora Cannabis por cerca de 220 milhões de dólares, e é uma das maiores empresas de capital aberto de cannabis do mundo. Os empresários inauguraram a CCB em 2020 com um objetivo principal: participar do mercado da cannabis em diferentes verticais da indústria, através do desenvolvimento de startups do setor. Para isso, buscam ter em seu portfólio empresas que, juntas, completem a cadeia da cannabis, da semente ao produto final entregue ao consumidor, passando pela parte farmacêutica. A CCB integrou recentemente a produtora Uruguaia de Cannabis Medicinal (PUCMed) ao seu portfólio, a empresa se dedica ao plantio de cannabis de forma orgânica e hidropônica e mantém relações estreitas com o Brasil, oficializando de vez a vinda da desenvolvedora ao país. A PUCMed surgiu em 2018 no Uruguai, fundada por um grupo de Brasileiros e Uruguaios que é integrado por médicos e profissionais do mercado financeiro, a produtora é liderada pelo médico brasileiro Alfonso Cardozo. Hoje a empresa já está avaliada em aproximadamente 18 milhões de dólares. Licenciada pelo governo uruguaio, a empresa promete comercializar medicamentos à base de cannabis no Brasil a partir do segundo semestre deste ano. Entre outras startups parceiras da CCB, estão Camino Florido, focada em medicamentos à base de cânhamo; Skye Biopharma, de inovação terapêutica; Grasscann, de pesquisa e desenvolvimento de novos fármacos; e BeHemp Skin, empresa de cosméticos à base de CBD. O objetivo é ter pelo menos 15 empresas inovadoras da indústria do cannabis com alto potencial de mercado. A CCB planeja dar suporte a todas as startups que entrarem em seu portfólio no meio empresarial e comercial, ajudando cada negócio a crescer e escalar internacionalmente. Sua atuação irá facilitar o acesso das startups à capital, principalmente por meio da experiência que possui no setor e pela sua rede de contatos no segmento em várias partes do mundo. Afonso Braga Neto foi o nome escolhido para representar a CCB em terras brasileiras. O empresário é idealizador da marca Be Hemp Skin, linha de cosméticos de skincare e tratamentos para doenças de pele com infusão de canabidiol (CBD) – substância derivada da planta. Ele comenta a aquisição da PUCMed pela desenvolvedora. “O Uruguai se tornou o pioneiro ao produzir cannabis de forma legal e regulada pelo estado. Acreditamos que essa vantagem e a proximidade com o Brasil torne o país um parceiro estratégico para suprir a demanda de cannabis medicinal do Brasil e em toda a América Latina, sendo que o custo de produção é um terço dos países do hemisfério norte”, ressalta. Assinado por decreto presidencial desde 2013, o Uruguai autoriza a produção de cannabis para uso industrial e farmacológico, além do uso recreativo adulto. O mercado mundial de cannabis legal faturou em média 26,1 bilhões de dólares em 2020 de acordo com o Expert Market Research & Business Wire e a projeção é que chegue a 166 bilhões de dólares até 2025. No Brasil o setor tem a oportunidade de movimentar o equivalente a 6,5% do faturamento total da indústria farmacêutica, que representa 2 bilhões de dólares. Afonso enxerga o futuro desse mercado com bastante otimismo no Brasil. No ano passado, a Agência Nacional de Saúde (Anvisa) liberou o extrato de canabidiol para fins medicinais, a partir de medicamentos vendidos em farmácias sob prescrição médica. Esses fármacos podem, por exemplo, auxiliar no tratamento da epilepsia, dores crônicas derivadas do câncer, no combate ao estresse, depressão e ansiedade, entre outras finalidades. Outro atrativo do país está no tamanho de sua população, há uma grande demanda a ser explorada no território. “Atualmente o medicamento de cannabis é inviável economicamente a grande maioria dos brasileiros e a nossa expectativa é mudar esse panorama. Hoje, o medicamento à base de cannabis é vendido por mais de 2 mil reais. Ao tornar possível a participação de empresas no mercado brasileiro, o mesmo medicamento pode chegar aos pacientes por um preço muito mais acessivel”, reflete Afonso. Os empresários também apostam no impacto nas decisões de governos centrais, como os Estados Unidos. Com a eleição presidencial de Joe Biden, as ações das principais empresas canábicas estadunidenses já subiram mais de 300%. A previsão é de que essa valorização do mercado também influencie países como o Brasil. Afonso comemora a expansão da CCB na América Latina, agora que começa a atuar no Brasil. “Já temos duas empresas brasileiras, duas uruguaias e outras dos EUA e do Canadá. O plano é ajudar as empresas latino-americanas a se lançarem no mercado mundial, que se mostra ainda mais promissor”, explica. |
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