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28 de fevereiro de 2020 às 10:03

Bolivia 2020 – 3a tentativa Parinacota 6342 metros – parte 3

 

Quando finalmente chego no carro, estou bem cansado. Ainda bem que o dia seguinte, vai ser dia de descanso. A gente volta por um caminho alternativo, que está em péssimo estado, para driblar o pedágio que segundo Jesus deve estar lotado. Não sei se pelo meu cansaço, ou pela vontade de comer, mas o caminho parece uma eternidade. Estou louco para comer, mas muitos lugares estão fechados, então vamos comer uma pizza mesmo. Qualquer coisa está valendo. Eu chego no hotel, tomo um banho, vejo um pouco de filme, durmo um pouco, vou no banheiro, durmo de novo e assim vai umas 5-6 vezes. Já estou melhor… rs

As oito da manhã eu tomo meu café da manhã e meio dia Jesus vem me buscar para irmos almoçar aqui perto. Depois eu volto para o hotel, faço uma siesta, curto o temporal de dentro do meu quarto (podia estar nas caminhadas de preparação…rs), e vejo um pouco de televisão. Eu marco com Jesus para as 7 da noite, aqui na Bolivia o jogo do Flamengo deve passar e como tem um fuso horário ele começa as 8:30, o que é melhor, porque no dia seguinte vamos fazer o pico austria de 5350, e vou ter que acordar as 5:15 da manhã.
A gente pega um taxi e vai numa hamburgeria, que tem um monte de canais de esportes, em algum deve passar.  Até agora nada, tem que esperar até as 20 hrs, para pedir para mudar os canais. Oba… finalmente, já estava desesperançoso, mas num canal totalmente alternativo passa. Jesus não gosta muito de futebol, esse é um assunto, que realmente não é seu favorito…rs
Resumindo: desculpa, mas eu sou campeão até na Bolivia!...rs

Mesmo ter tomado somente uma água com gás, em compensação eu continuo campeão de mijadas. De 11 até as 5 foram umas 5-6. Mas acredito que nos próximos 2 dias esse problema deve estar sancionado.

 

As 5 da manhã eu acordo para arrumar a mochila e tomar café da manhã, porque Jesus passa umas 6 horas para me pegar. Como quase não dormi, ainda dou uma cochilada de uns 15 minutos, até sairmos do asfalto para pegar um caminho de terra e pedras que balança muito. O céu é de almanhaque, embora tem uma neblina na frente da cordileira real, uma das montanhas mais bonitas é o Condoriri, de 5700 metros, que é portanto uma montanha muito técnica que exige conhecimentos de escalada mesmo. Um pouco antes de chegar no ponto de partido, tem um pequeno breijo, que permite uma foto com reflexo maravilhosa.

Em torno de umas 8:30 chegamos no ponto inicial da caminhada. O céu continua lindo, embora já tenha umas nuvens no horizonte. Primeiro precisamos cruzar toda montanha numa diagonal de subida de uns 3 km. No final desse trajeto, o céu ainda tem sol, porém está bastante nublado já e Jesus avisa que vamos pegar uma nevasca lá em cima. Eu aproveito para fazer umas fotos da paisagem, porque certamente o tempo vai estar fechado na descida.

Depois dessa cruzada uma subida curta, porém dura, para passar por trás do Pico Austria, pois a subida é feita por trás. Depois de mais um “descanso”, cruzando um platô de uns 300 metros e ali começa a subida para valer. Nesse trajeto todo devo ter marcado território umas 8 vezes já. Como falei anteriormente, esse é o meu tributo principal que tenho que pagar para a montanha.
A subida até a “passagem de montanha” é feita em pedras, que para subir são relativamente agradável, mas para descer uma bosta; além de tomar cuidado para não escorregar, cair ou torcer o joelho ou o pé, se cair o tombo vai ser bem feio, porque elas tem uns cantos que faz algumas pedras parecer verdadeiras giletes. Mas ainda preciso chegar antes. Levei 1 horas e 30 para absolver o quilômetro 4 e ainda falta o último pedaço de uns 750 metros de subida. A princípio tínhamos programado um descanço na passagem, mas começou a ventar e nevar e eu não quero esfriar o corpo e digo para a gente subir. Hoje é um daqueles dias de sofrimento, você só pensa no próximo passo, porque se pensar no que falta vai sentar e chorar. Essa é uma coisa interessante na montanha: ninguém te força a continuar além de você mesmo, a vitória é única e exclusivamente sobre si mesmo. Passo por passo avanço. Tem vezes que parece que o cume não se aproxima e tem vezes que você se conscientiza o quanto que avançou. Embora seja aparentemente uma distância pequena, tudo muda quando se trata de subida. O vento e a neve está congelando meus dedos, eu deixei a luva mais grossa na mala. Todo castigo para burro é pouco…rs

Finalmente conseguimos ver o topo, e os últimos passos são um suplício. Tem um lado que renderia umas fotos muito boas. Sim, renderia.
“Você está sentindo?” me pergunta Jesus. Sim, estou, um formigamento em torno da minha boca na barba. Pqp, estáticas! Esse é o último sinal de alerta que o raio te da antes de te atingir. E como você é o único ponto que carregar metal (bastões), celular etc, já sabe aonde o raio vai né?

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