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queengroove,
silviojunio like this
21 de outubro de 2019 às 20:48 6 views Diario de viagem, Bolivia, segunda tentativa… - parte 8 (final)
Amanhã saíremos de Putre para ir até Sajama, passando pelo mesmo tramite de duas fronteiras de novo, que é um saco. Após o café da manhã a gente passa no mirante antes para fazer umas fotos da neve recém caída, aqui em Putre o tempo está mais ou menos aberto, já que no caminho pegamos uma pequena nevada. Depois de ter passado nas fronteiras, almoçamos em Tambo Quemado mesmo e depois seguimos para o hostal Sajama, em torno de umas 15 horas a gente chega. Para não perder a viagem para Sajama, a gente decide subir o Acontango, uma outra montanha que tem mais que 6 mil metros. Quando estamos indo na direção de Tambo Quemado, uma outra luz balançando. “Ah não, só falta dizer que não podemos circular por conta das eleições?” Jesus me confessa depois que ele pensou o mesmo. Mas nada disso. O veículo militar também sofreu o mesmo destino, ou pior ainda, porque eles furaram os 4!!! Pneus nesse miguelitos. Bom, então quem colocou foram os próprios contrabandistas para tentar evitar que os militares lhes seguem. Em algumas partes o pé afunda uns 40 cm na neve fresca, que caiu nos últimos dias. Eu sofro bastante na subida. Mas montanha muitas vezes é assim e por isso guarda valiosas lições: você vê a trilha do guia na sua frente e marca uma pedra e diz para si mesmo que vai andar somente até ela. Depois marca o próximo ponto e assim vai. Quando se deu conta, subiu aquilo que te parecia impossível. É mais ou menos o princípio dos grupos de apoio: se você imaginar que nunca mais vai beber, fumar, usar drogas etc, parece uma tarefa impossível. Mas se você se propõe para fazer isso somente no dia de hoje, fica bem mais fácil. Mas voltando a realidade: Ainda tem 3 subidas até o cume. Devagar, mas sempre eu vou subindo, morrendo de frio. Finalmente chegamos e Jesus escolhe um lugar mais protegido do vento para descansar. Estou com o menor saco de fazer fotos, aprendi isso ao longo dos anos, tem momentos que são só meus e que nem tudo precisa ser compartilhado. A descida até o final do cráter é uma verdadeira tormenta, porque agora o vento nos pega de frente, parece que está numa tempestade de neve. Muito cansativo e tem horas que parece que o nariz vai congelar. Somente quando começamos a descida no cráter, ficamos um pouco mais protegido, embora que até ali uma ou outra rajada ainda nos alcança.
Em torno de 16 horas a gente chega no carro. O meu vôo sai as 4:40 da manhã, ou seja, eu teria que estar no aeroporto as 2:40. A gente decidiu que vou dormir 2 horinhas aqui mesmo, comer uma sopa e pular a noite em La Paz, indo direto de Sajama para o aeroporto. A viagem leva em torno de umas 4 horas e o dono da Lodge emprestou um pneu reserva dele para Jesus, assim a gente vai de boa. Durante o jantar ainda tem um episódio cômico, como diz amigo meu, Rolf sendo Rolf. Um outro grupo que estava lá, 3 franceses e um casal de espanhóis, que já haviam chamado negativamente a atenção de Jesus (eu não tinha prestado atenção na conversa), vieram nos perguntar porque não havíamos ido ao Parinacota como programado. A gente falou da rota dos contrabandistas e tal quando a espanhola exclamou: “O que? Rota de contrabando?”
Na volta para La Paz, eu morro de frio no carro. Não é porque realmente está frio e sim pelo cansaço do corpo. Somente dormi 2 horas e agora só vou dormir no avião. A gente janta no aeroporto e chegou na hora da despedida. A gente se da realmente muito bem, Jesus é do tipo que eu gosto: não tem duas caras, fala as coisas na lata, tem humor e embora tenhamos opiniões diferentes a respeito de determinadas coisas, existe um debate de alto nível, até porque ele é um cara com muita vivência… Eu estou louco para embarcar logo. Estou sentado no meio, mas só sei quem estava no meu lado esquerdo, porque primeiro eu durmo, depois eu tomo meu lugar. Nunca dormi tão profundamente num vôo. Foi um daqueles sonos restauradores e quando acordei, o frio havia desaparecido. Agora tenho 7 horas de espera em Lima. Aquele tempo que não vale nem a pena sair do aeroporto e você está tentando matar o tempo. Infelizmente aqui somente te dão uma hora de Wifi, mas como tenho celular e laptop, é tranquilo. Ainda vejo o preço de uma Lounge, mas além de caro, ainda querem tirar onda, só pode entrar 3 horas antes do seu embarque, senão paga dobrado, vou escrevendo meu diário offline e depois ler mais um pouco o livro, além de tomar um café da manhã, que sai bem mais barato. E sinceramente, quando tem Wifi, tem, quando não tem, dane-se também. Estou me desligando cada vez mais dessa escravidão moderna. Mais um pitstop em São Paulo, estou louco para dormir, pois depois da montanha só dormi umas 4 horas, sendo 2 no avião… J Foto: Acontango, Bolivia, em vermelho assinalada a rota de subida... |
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