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12 de março de 2019 às 06:48 126 views

Pomerape visto do Parinacota, Bolivia



Diária da Boliva, Projeto Parinacota 6350 metros – parte 11 - final

 

 

O dia seguinte é de descanso também. O ponto alto é um pôr do sol de um ângulo diferente, pois o Jesus precisa abastecer e o posto mais perto fica em cima de um morro, ca. 14 km de Sajama, chamado Tambo Queimado, o último vilarejo antes da fronteira do Chile. Tem a Laguna Isla no caminho e um ceú espetacular. Alias, posso dizer que fui abençoado em termos de fotos. Nuvens espetaculares e varios pôr de sol lindos.

 

O que está todo arrebentado, é minha boca, o sol, o frio e o ar seco, a deixaram toda rachada, em compensação o nariz já deixou de brilhar. Na volta Jesus nota que a minha motivação não é a mesma do Acotango.

 

Sim, verdade, por vários motivos. A maior parte dos acidentes acontece justamente na descida. Uma queda na neve e no gelo significa um risco enorme, porque é preciso de muita técnica e experiência para conseguir freiar e contar com a sorte de não bater em alguma pedra e desmaiar. A descida no Acotango foi um suplício e por pouco não despenco ladeira abaixo, sorte foi que a neve estava molhada., mas não quero abusar da sorte. Um outro motivo também é que toda essa viagem custou substância, muitos quilômetros na altitude e não sou mais nenhum garoto.

 

O Parinacota é mais íngreme ainda do que o Acotango, além disso ao invés de subir 750 metros, são 1350. Como consegui fazer um 6000 já, tenho motivos de sobra de estar satisfeito comigo mesmo, ainda que eu não consiga superar meu recorde de 6088.

 

Mas após a janta eu vou dormir, vamos ver o que vai dar, mas do jeito que conheço meu corpo, acredito que as minhas chances sejam remotas. As 2:30 da manhã a gente sai da Lodge e chega umas 4 e pouca na base do Parinacota. Eu não gosto muito de ir dirigindo até a base, porque ao sair do carro tem um “choque térmico”, leva uns 10-15 minutos até que esquente.

 

A gente sai de uns 5100 metros de altidude, que já não é mais um problema para mim, acostumei bem. Até me supreendo, estou indo bem até umas 5500, mas aí a gente entra numa subida super íngreme que começa a tirar minha substância. Eu coloco um objetivo, um “falso cumbre” que fica em uns 5800. Mas realmente me falta a motivação final. Tem horas que você não vê sentido no sofrimento, e o problema da montanha é, que o cume é apenas a metade do caminho, ou seja, ainda vai ter que descer depois. Como está muito íngreme mesmo, eu não tô afim de gastar as últimas forças na subida e passar por uma via crucis na descida. Embora o Jesus hoje me segura com a corda para dar uma segurança extra, vai ser desagradável para ele e para mim ainda mais.

 

“Vamos descer!” Embora Jesus me atenderia se eu quissesse continuar, eu sei que ele também está de acordo no seu íntimo. A gente se da muito bem e por isso já tem o feeling do outro, o que para mim é fundamental nesses lugares. Alias, o apelido dele é “Pica” (de Pica-flor), mas ele como guia é realmente “pica”, muito competente no que faz. Como ainda não cheguei no “tanque reserva”, a descida é relativamente tranquila e a gente vai conversando, bem diferente do Acotango. A gente chega na hora do almoço no Hostal e marca para voltar aos banhos thermais. No meio termo eu preparo algumas fotos e continua no diário. Antes de sair do pueblo, a gente compra umas cervejas para tomar na piscina natural. A água deve estar em torno de uns 35 graus, a temperatura ambiente uns 8.

 

Po, bom demais. De vez em quando você levanta um pouco, se expondo ao ar frio para tirar o suor. Final feliz de uma estágia maravilhosa em Sajama, que me presenteou belíssimas fotos e uma companhia muito agradável desse amigo boliviano! No jantar a gente toma mais uma cerveja e combina de tomar café da manhã em torno de umas 8 horas para sair umas 9 para La Paz. Como eu acordei as 2 da manhã e não fui dormir, além do desgaste da subida e baixada, eu durmo um sono profundo, revigorante.

 

Umas 7:30 eu acordo de vez e arrumo as minhas coisas. Jesus fez o mesmo e a gente toma aquele café da manhã, batendo papo e sem qualquer pressa. Em torno de umas 9:30 a gente sai rumo La Paz. A gente da uma parada para tomar café e chega em torno de 14:30, porque o Alto estava sem qualquer retenção. Como é domingo o trânsitou fluiu melhor. A gente marca para as 18:30 para ir no Steak House, que é sensacional. Os veganos e vegetarianos que vão me perdoar, mas eu não resisto a essa maravilha: 600 gramas de filêt, flambado no Whisky! Todas as vezes que vim, a despedida do Jesus foi ali. No meio tempo eu aproveito para ver o campeonato de Indian Wells de Tenis.

 

A noite, como toda viagem com Jesus está sendo muito agradável. Falamos tanto de assuntos sérios, discordamos de vários com respeito, trocamos experiências, já que os dois tem bastante vivência e rimos muito também. Ele tem um gênio forte, é aquele cara que é duro e suave ao mesmo tempo, mas jamais bota o galho dentro, se ele tiver que ese posicionar, vai fazer isso sem qualquer constrangimento, acho que somos um pouco parecido nesses aspectos. Como meu vôo sai as 8:30, a gente combina dele me levar as 6 horas.

 

Quando volto para o hotel, está rolando um jogo sensacional com Wawrinka e eu acabo dormindo quase uma hora da manhã. O primeiro vôo vai até Santiago, lá eu tenho 5 horas e meia de espera e depois sigo direto para o Rio. Assim eu aproveito para almoçar no aeroporto e pelo menos não tenho para passar por São Paulo.

 

For a umas turbulências bravas entre Santiago e Rio, ocorre tudo tranquilo e eu chego pontualmente dessa vez…



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