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8 de março de 2019 às 05:36 1 view

Foto: Sajama, Bolivia



Diária da Boliva, Projeto Parinacota 6350 metros – parte 7

 

A tempestade se intensificou e está vindo na nossa direção. Quando Jesus faz uma panorâmica com seu celular, ele diz para a gente descer imediatamente. Porque? Tem muita estática no ar e ele pega seu bastão que é de ferro (os meus são de carbono), o levanta um pouco e o balança no ar. Está para ouvir um zunido, ou seja, somos um alvo muito fácil de raios. Nem discuto, agarro minha mochila e a gente sai em disparado montanha abaixo. Quando mais alto, maior o perigo. Volta e meia Jesus faz um teste para ver como está a estática. Ela diminuiu um pouco, mas ainda é alta. Ou seja, continuamos nos apressando para sair dessa zona altamente perigosa.

 

Quando finalmente chegamos a um ponto mais seguro, eu dou uma parada, porque meus sapatos se encheram de areia durante a baixada apressada. Os ventos mudaram e empurraram a tempestade em cima do Sajama, parece que hoje vamos escapar da nevasca. Durante todas as caminhadas conversamos muito, Jesus tem muitas histórias de montanhas para contar, além de muitos outros assuntos que nunca faltam. Dessa vez escapamos da chuva e da nevasca, ela está em torno de todas as montanhas que cercam o vilarejo de Sajama, mas a planície está livre de precipitações. A gente sente no restaurante e toma um chá e come uns crackers com queijo.

 

Amanhã será um dia de folga. Como estive muito bem desde o primeiro dia, não houve nenhum dia de descanso ainda. Amanhã é o dia 5, no dia 6 o Acotango, aí terei 3 dias para me recuperar para o Parinacota que é o objetivo principal. Estou muito diferente da tentativa do Illimani, eu sabia que as chances eram remotas por conta da diarréia, meu coração não estava no topo. Mas dessa vez meu coração está no cume do Parinacota, eu quero definitivamente quebrar meu recorde de 6088 metros. Toda a preparação até agora está perfeita, meu corpo respondeu muito bem a cada uma das etapas. Resisti bem aos 20 km, e fui bem no teste de hoje que era de 750 metros de diferença. Claro que o Parinacota será muito mais duro, porque estamos falando de 1350 metros de subida, que não é pouco não.

 

Após tomar um banho e escrever o diário, já está quase na hora do jantar. Meu apetite continua grande. Aqui posso comer sem culpa, porque o aplicativo do Jesus mostrou que gastamos em torno de uns 3500 calorias. Essa noite vou repetir a dosagem de layers para dormir e efetivamente somente acordo uma vez para ir no banheiro. A segunda já são lá para as 6 horas. Como combinamos o café da manhã as 8 eu volto a dormir mais um pouco e levanto umas 7:30 para preparar umas fotos.

 

A gente fica batendo papo; hoje somente vamos a caminhar no planície, cerca de uma hora até um lugar onde tem “baños termales” para dar uma relaxada. O meu estado geral está bem, ontem de noite senti os meus tendões de aquiles, porém isso nem me preocupa mais, já virou uma constante, principalmente nas corridas na areia, até já me acostumei à essa dor. As vezes ela diminui por alguns dias, depois ela volta com mais força, ou seja, faz parte do script já. As pernas não estão muito cansadas, por mim eu teria tentado o Acotango hoje, mas Jesus acho por bem da um intervalo nas atividades.

 



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