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Genética: o filho não escolhe ser homossexual, diz Içami Tiba
Psicopedagogo foi o entrevistado no “Canal Um é Notícia”
"O filho não escolheu ser homossexual. Ele faz o tem vontade e essa vontade é determinada, em boa parte pela genética, e quem fornece a carga genética são os pais". A afirmação é do Dr. Içami Tiba, um dos mais respeitados psicopedagogos do país, em entrevista para a repórter Malu Monteiro, no Canal Um é Notícia, de quarta-feira (15).
Para o educador, a educação dos filhos é feita a seis mãos, 'com as mãos do pai, da mãe e da escola'. Nascido em Tapiraí-SP, no dia 15 de março de 1941, Tiba é considerado terceiro autor de referência e admiração - o primeiro nacional, por psicólogos entrevistados pelo Ibope, em 2004. Semanalmente, ele apresenta o programa "Quem ama, educa!", na Rede Vida de Televisão.
Ele disse que seu sonho em realização é levar educação para famílias que tenham acesso a livros e televisão.

Confira os principais
trechos da entrevista.

Para educar tem de amar?
"Tem que amar porque o investimento é um empenho em longo prazo, que leva quase décadas pra se colher o resultado, e que se não tiver o empenho e muito amor, as pessoas abandonam no caminho. Ninguém fica num projeto durante tanto tempo recebendo pancadas dos filhos e ainda os sustentando".

Filho ou filha? - "Hoje está mais complicado educar meninas porque a filha sempre complica mais quando transgride: vem com gravidez, vicia mais fácil, sofre mais quando briga; então, as filhas sofrem mais".

Segurar os adolescentes "É fisiológico que não os segure porque isso é um exercício de independência. Agora, se nessas saídas, ele mostrar que não está pronto para sair, os pais não podem ir soltando de forma irresponsável. É negligência dos pais deixarem os filhos que não tem condições, saiam e voltem bêbados; sai e bate o carro, não está em condições de dirigir".

Responsabilidade - A primeira coisa é mostrar aos filhos a responsabilidade com as coisas do dia-a-dia, tipo, estudo, trazer a casa em ordem, ou seja, arrumar suas coisas, guardar seus brinquedos, deixar o quarto sem destoar do resto da casa. Isso é cidadania familiar!"

Bater resolve? - "Nunca! Porque a gente ensina violência. Nós batemos quando não agüentamos mais, estamos irados. O quê que passa pro filho? Diante de uma situação que você não consegue superar, você fica nervoso, aí você pode bater. Isso não é certo!"

Consequência - "Se o filho tiver responsabilidade vai ter de arcar com isso, mesmo que a Justiça não o condene. Se bateu o carro, vai trabalhar em lugar onde recebam acidentadas durante xis tempo, fazendo curativos nas pessoas. Aqueles que queimaram um índio em Brasília-DF, deveriam trabalhar em hospital de queimados e não ficar de dia e de noite numa prisão, onde eles não vão aprender o sofrimento que passou para aquela pessoa".

Regras - "Essa liberdade que se dá em exagero aos adolescentes está contribuindo negativamente na educação porque a liberdade soa impunidade. Quem não tem responsabilidade não poderia estar à solta na rua. Quanto mais aumenta o número de habitantes na terra, mais temos que cuidar dos outros, porque o espaço que ocupamos é o mesmo".

Internet - "Depende de como é usada. Se usar mal vai fazer mal. Se usar bem vai fazer bem. Outro dia, um professor de tiro ao alvo estava ensinando criancinhas e mexerem na arma. Aí a mãe ficou revoltada: você está transformando uma criança em futuro assassino! E o professor falou: e a senhora está armada para ser prostituta! Quer dizer, não é a arma que faz a pessoa ser assassino, não é o sexo que faz uma pessoa uma prostituta. Depende de como você se comporta com a arma ou com o sexo".

Homossexualidade - "O filho não escolheu ser homossexual. Ele faz o tem vontade e essa vontade é determinada, em boa parte pela genética, e quem fornece a carga genética são os pais. Parte das pessoas que tem homossexualidade, em geral, tem um componente, ainda não descoberto, que influi porque os homossexuais no mundo são muito parecidos, não deve uma coisa só cultural, de vontade própria, uma rebeldia, uma falta de educação, não é! Se a gente fizer um levantamento honesto na família, vamos descobrir que teve mais gente na família que é homossexual também. O filho tem de ser aceito na sua homossexualidade porque não tem culpa do problema que trás. Nós temos que lidar com isso, sabendo que ele sendo homossexual vai enfrentar uma barra muito maior que um heterossexual".

Separação - "Quando alguém separa nunca é só por esse ou aquele motivo. Ele está usando esse motivo para separar. Problemas, para um casal que se ama, une os dois para superar. Quando se separa é porque a base não está firme e qualquer ventinho podia derrubar o relacionamento".

Pais separados - "A gente nunca deixa de ser pai, nunca mais na vida deixa de ser mãe, mas não precisa ser cônjuge. Tem gente que deixou de ser cônjuge e vira ex-pai. Separou, vira ex-mãe. Isso dá um rolo na cabeça da criança. A gente diz que filhos são pra sempre, mesmo que o casamento não o seja".

Sabedoria - "Quanto mais cresce o bambu, mais ele se verga para o chão. Porque, quanto mais sábia é a pessoa, mais ele quer se tornar aluno, ele vive aprendendo. E quanto mais forte é a pessoa, mais os fracos têm que ajudar".

Família - "Não adianta estar em Paris, tomando champanhe, com depressão, sozinho. O que faz a diferença são as amizades, as pessoas, os relacionamentos que nós temos, e as pessoas mais constantes são a família".

Como educar? - "Se os pais não conseguem encontrar um acordo na hora de educar os filhos, tem de ouvir uma terceira pessoa, geralmente um educador, onde está o mais adequado para o filho. Porque se cada um puxa do seu jeito, de tal maneira que quer eliminar a opinião do outro, alguma coisa está muito ruim. O que se passa não é o ponto de vista, mas a posição de confronto".

Drogas - "Sem dúvida as drogas são as que mais atrapalham no relacionamento de pais e filhos. A droga altera quimicamente uma pessoa. Só para ter uma ideia, quem bebe faz coisa desatinada, provoca acidentes, faz o que tem na cabeça, não mede consequências. Quem fuma tem câncer e quem fuma maconha vai despersonalizando, vai perdendo a sua personalidade aos poucos de tal maneira que a pessoa não perceba. Não é que ele quer usar, ele não consegue deixar de usar. É diferente. O vício não desaparece! Ele só adormece dentro da pessoa. E, a qualquer momento, se for despertado, a pessoa volta a ter o mesmo comportamento que sempre teve com o vício".

Descriminalização? - "Eu não posso pensar como um político nem posso pensar segundo a lei. Como médico, sou contra coisas que façam mal à saúde das pessoas, que detona com a família, que estraga a carreira. Se nós não estamos dando conta de atender nem as pessoas que bebem, nem o câncer provocado pelos cigarros, vamos aumentar gerações que estão perdendo personalidade por causa da maconha?".

Tem de experimentar? - "Tem pai que fala: você não vai fumar, mas se fumar que seja na minha frente. Quimicamente, isso não muda nada. Pelo contrário, o pai que autorizou, a responsabilidade está sendo do pai ou da mãe. O pai que fala que tem que experimentar pra ver, então por que o filho não pode experimentar ser homossexual? Vai experimentar matar o outro porque existem crimes? Nós não podemos ser administrados por vontades irracionais".

Violência nas escolas -"Enquanto não trouxer os pais para dentro da escola, a unidade vai continuar sendo vítima da violência porque representa o social. A violência precisa de uma força muito maior do que aqueles que estão envolvidos nela. Precisa dos pais, por exemplo. Escolas que os pais freqüentam têm menos violência e maior rendimento escolar de seus alunos".

Michael Jackson - "Pelo que falam dá vontade de dizer que o pai foi um carrasco, mas a mãe também não foi fácil, não. Quem mente é essa que, mesmo após a perda do filho, de repente fala que o filho foi assassinado? Que mente horrível é essa que nunca vai aceitar alguma coisa que esteja contrário a sua vontade, sem atribuir responsabilidade aos outros? Então, eu acho que mesmo depois de morto esse pai fez mal ao filho".

"O comportamento humano não é pré-determinado, como nos animais. Temos o poder de mudar o futuro, de mudar nosso comportamento já no próximo momento. Podemos mudar por amor, por querer bem a uma pessoa amada, a um filho, à humanidade". (Içami Tiba)

Içami Tiba - Médico pela Faculdade de Medicina da USP. Psiquiatra pelo Hospital das Clínicas da FMUSP. Professor-Supervisor de Psicodrama de Adolescentes pela Federação Brasileira de Psicodrama.
Mais de 3.300 palestras proferidas para empresas nacionais e multinacionais, escolas, associações, instituições etc., no Brasil e no Exterior (Turquia, Grécia, Itália, Espanha).
Dr. Içami Tiba foi o autor brasileiro que mais livros vendeu no ano de 2003, segundo a Revista Veja. Seu livro Adolescentes: Quem Ama, Educa! chegou à 25ª edição seis meses após seu lançamento, quando teve tiragem inicial de 100.000 exemplares. Seu último sucesso, Juventude & Drogas: Anjos Caídos chegou às livrarias em maio de 2007 com tiragem inicial de 60.000 exemplares.

Créditos: Tribuna