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7 de junho de 2010 às 14:49 1 view

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PEQUENA HISTÓRIA DE UM GRANDE NÃO-AMOR, BASEADA EM FATOS REAIS, COMO NUM FILME AMERICANO PARA A TV, OU:
Outro dia o João, logo depois de cruzar com a Maria, num desses encontros casuais da vida e de trocar com ela, com desconcertada educação, um "oi, tudo bem", percebeu-se a conversar consigo mesmo:


- Meu Deus, a Maria, a minha não-namorada. Quanta falta, às vezes, eu sinto dela! Que saudades daquilo que foi tão pouco! Ao que, João se respondeu:


- Coversando sozinho, João? Mas por que essa falta? Melancólico por que está por perto o dia dos namorados, ou o seu aniversário, ou o aniversário dela, ou o Natal, ou qualquer outra coisa? E daí? O que poderia acontecer se a Maria fosse sua namorada, e não uma simples não-namorada com quem você cruza por aí, de quando em vez? Hoje em dia vocês mal se falam!


- Ah, se ela fosse minha namorada, eu poderia dizer a ela, como se fossem minhas, palavras de Vinicius de Moraes : “o meu amor por você é como uma velha canção aos seus ouvidos”. Ou, talvez, lhe sussurrasse, como Amenófis IV à sua rainha Nefertiti, no Egito antigo: “o meu amor, por você, durará tanto quanto o eterno piscar das estrelas”.........


- Mas, João, se toca, ela é, apenas, uma simples não-namorada, não há como você falar isso a ela. E aí, como é que você fica, como é que você vai tocando a vida?


- Aí, eu não vou tocando a vida. Não vou porque eu também não tenho a voz da Elis Regina, pois que, se a tivesse, poderia cantar, como ela, em “O Cantador”, de Dori Caymmi e Nelson Mota: “De que serve o meu canto e eu, se, em meu peito, há um amor que não morreu. Eu canto a dor, de uma vida perdida, sem amor”.


- Meu caro amigo, que, por acaso, sou eu mesmo, o João, mas que que papelão! Elis Regina? Faça-me o favor! Além disso você não está sendo nada original, usando falas de outros. E saiba você, também, que o homem só não é ridículo quando diz determinadas coisas, como essas que você está falando, quando as diz para a sua namorada, na vida ou na despedida. Não se fala coisas dessas a uma simples não-namorada, que, acho até, nem se importa tanto assim com você!


- Olha, vendo as coisas por esse lado, acho, até, que você tem razão e percebo o deslize deste escrito meu. Mas é que, ao contrário do que eu disse acima (ou disseram por mim), em meu peito, na verdade, existe um amor que eu ainda não vivi. E é por ainda não tê-lo vivido que, mesmo que eu queira, e eu já o quis tantas vezes, não me morre a esperança de que um dia a Maria, por distração ou tentação, por piedade ou por vontade, por desamor ou por favor, como benção ou consolação, se lembre deste pobre João e conceda-me, enfim, a ventura de um pequeno (ou grande, ou imenso, mas infinito) deslize seu.

Aí o João se calou, não se disse mais nada, guardou, de novo, todos aqueles desperdiçados sentimentos, num canto próprio de sua alma e seguiu o seu caminho. E se foi, não-alegre e não-faceiro, sabendo, sem saber, que num outro encontro casual, toda essa pequena história, de novo iria ser contada. É que, se essa história é pequena e curta, essa história também não tem como acabar, pois só à Maria foi dada aquela pena de ganso, aquela caneta tinteiro, aquela caneta esferográfica, aquela máquina de escrever, aquele teclado de computador que possuem o poder de determinar e de escrever o ato e a palavra:

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