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Biografia

Maysa nasceu numa família tradicional do Espírito Santo. Era filha de Alcebíades Guaraná Monjardim, e Inah Figueira Monjardim, e possuía um único irmão. A cantora era neta do barão de Monjardim, que foi presidente da província do Espírito Santo por cinco vezes, e bisneta do comendador José Francisco de Andrade e Almeida Monjardim, que presidiu a província do Espírito Santo por treze vezes, e que foi membro da junta governativa capixaba de 1822-1824.[10] Sua família, os Monjardim, eram donos da histórica Fazenda Jucutuquara, em Vitória, Espírito Santo. A sede da fazenda, hoje é o Museu Solar Monjardim, no bairro Jucutuquara, em Vitória. A fazenda era propriedade do capitão-mor Francisco Pinto Homem de Azevedo, trisavô de Maysa. A filha e herdeira do capitão-mor Francisco Pinto Homem de Azevedo, Ana Francisca Maria da Penha Benedito Homem de Azevedo, casou-se com o comendador José Francisco de Andrade e Almeida Monjardim, passando a fazenda a ser propriedade da família Monjardim.[11]

Nascida e criada em uma mansão no tradicional bairro carioca de Botafogo, em 1947 a família mudou-se para Bauru, no interior paulista, devido a transferência de posto de trabalho de seu pai. Posteriormente, em 1950, mudaram-se para a Cidade de São Paulo, onde Maysa estudou, na adolescência, no tradicional colégio paulistano Assunção, no Ginásio Ofélia Fonseca, e, contra sua vontade, foi enviada aos sete anos de idade por seus pais para estudar no colégio interno de freiras Sacré-Cœur de Marie, em Paris, onde toda menina de família rica e tradicional deveria estudar para ter um bom currículo, só tendo voltado ao Brasil aos 11 anos, quando sua família saiu do Rio para Bauru.[12]

Desde criança sonhava em ser cantora. Se apresentava cantando e tocando violão apenas para os familiares. Com aptidão natural para a música, só estudou canto para se aperfeiçoar. Era uma jovem a frente de seu tempo. Gostava de beber e fumar em público, além de usar cabelos curtos e calças, hábitos masculinos na época, o que causava atritos familiares. Apesar disto, era extremamente vaidosa, e romântica, gostando de escrever, além de músicas, poemas e cartas de amor. Casou-se aos dezoito anos em uma grande cerimônia na Igreja da Sé com seu noivo, o empresário André Matarazzo, amigo de sua família há muitos anos, e dezessete anos mais velho que a cantora, por quem ela era secretamente apaixonada desde adolescente. Após o matrimônio, passou a assinar Maysa Monjardim Matarazzo. Seu marido era membro do importante ramo ítalo-brasileiro da família Matarazzo, donos de uma fortuna bilionária e das Indústrias Reunidas Fábricas Matarazzo - durante décadas o maior complexo industrial da América Latina.[13] Com pouco tempo de casados, nasceu Jayme Monjardim Matarazzo, diretor de cinema e telenovelas.

Desquitou-se do marido em 1957: Ele não aceitava a vocação de cantora da esposa, não apoiando seu sonho, dizendo que uma Matarazzo era dona de casa e não trabalhava, muito menos na noite. Não suportando as humilhações do marido, e por não se dar bem com sua sogra, optou por sair de casa. Havia muito preconceito com atrizes e cantoras na época, sendo julgadas de vulgares e mulheres que não eram de família. Mesmo sofrendo por amar o marido, não teve medo de correr riscos e enfrentar preconceitos, e decidiu seguir sua vontade e saiu de casa com o filho, indo morar novamente com seus pais, um grande escândalo para aquela época conservadora. Após o desquite, voltou a usar seu sobrenome de solteira, Figueira Monjardim, ficando furiosa quando havia alguma matéria jornalística que ligasse seu nome ao sobrenome Matarazzo, de quem não quis nada, nem pensão para se manter.

Com apenas um disco gravado, seu repertório foi um sucesso, recebendo convites para shows em todo o mundo. Seu disco vendeu milhares de cópias e o sucesso bateu a sua porta, porém, isto pesou na criação de Jayme, seu filho. Maysa teve que escolher entre o filho e a carreira. Para lhe dar um futuro melhor, optou pela carreira, e seu filho passou parte de sua infância sendo criado pelo pai e por sua nova esposa.

Em sua agitada vida de cantora, marcada por muitas viagens e também por muitos amores, Maysa teve vários relacionamentos, entre eles, com o compositor Ronaldo Bôscoli, e com o empresário espanhol Miguel Azanza, com quem casou, depois manteve um caso com o maestro Julio Medaglia, quando viajou para Buenos Aires, depois namorou o ator Carlos Alberto, de quem depois foi esposa, entre vários outros. Ficou também conhecida por suas explosões temperamentais, suas crises depressivas e constantes queixas anotadas em seu diário sobre a solidão que sentia, que se expressavam claramente nas letras que escrevia. Possuía vício em álcool, cigarros, calmantes, pois tinha insônia, e anfetaminas, pois era muito vaidosa e obcecada com sua imagem, sempre insatisfeita com seu peso. Ficou conhecida por grandes brigas e confusões que se envolvia, sendo capa de jornais não só por seu talento, mas por escândalos envolvendo brigas violentas com seus namorados, traições, nudez explícita, e suas diversas tentativas de suicídio. Em suas anotações, considerava-se intensa demais para pessoas que dizia ser superficiais demais, e por isso nunca entenderiam seus sonhos e sentimentos. Quando seu ex-marido faleceu, sofreu muito, tanto que, mesmo desquitada dele, passou a se considerar a sua viúva. Nesta época, estava casada com Miguel e vivia em Madrid, na Espanha. Levou o filho para lá, que ficou morando com a mãe e o padrasto por alguns meses, mas como Maysa e Miguel sempre tinham que viajar a trabalho, não tinham tempo de ficar con o menino. A cantora não queria que o filho morasse com os avós e tivesse uma educação simples no Brasil, e então, pensando num futuro melhor para a criança, optou por deixá-lo num colégio interno em Madrid, onde raramente visitava o menino. Isto foi motivo de muitas brigas entre ela e seus pais, que queriam ter ficado com o neto, o que futuramente foi motivo de muitas brigas entre ela e o filho. Após terminar o casamento com Miguel, uma união cheia de altos e baixos, envolvendo agressões, humilhações, traições e escândalos de ambas as partes, Maysa voltou sozinha para o Brasil, e comprou um apartamento em Copacabana, onde passou a morar. Com uma vida pessoal conturbada, Maysa não voltou mais para a Espanha para visitar o filho, e ligava para o colégio interno uma vez por ano para saber sobre ele.

Na década de 70, Maysa se aventurou pelo mundo das telenovelas e do teatro participando de produções como O Cafona, Bel-Ami e o espetáculo Woyzeck de Georg Büchner.[14]

Últimos momentos
A cantora vivia isolada em sua casa de praia em Maricá, desde 1972, em depressão, doença contra a qual lutava havia muitos anos e que piorou muito e levou-a ao isolamento social quando terminou seu casamento com Carlos Alberto, naquele mesmo ano, com quem vivia em Maricá. Suas crises de ciúme e agressividade, e o fato de inventar uma gestação para ele continuar ao seu lado foram decisivas para o término. Em 1974 sua depressão agravou-se, pois seu filho, Jayme, havia acabado de voltar da Espanha e não queria mais vê-la ou falar com ela. Acusava-a de tê-lo abandonado no colégio interno quando tinha apenas oito anos de idade, que nunca quis saber dele, e que nem foi buscá-lo no aeroporto ao chegar ao Rio, e por raiva, o jovem evitava ver e falar com a mãe. Isto fez Maysa lutar contra sua depressão, e criar forças para procurar o filho no Rio, na casa de seus pais, avós do rapaz, mesmo ele se recusando a recebê-la. Após três anos sofrendo para se reaproximar do filho, pedindo perdão pelo que fez com ele, e por estar arrependida de tudo, eles, enfim, se reconciliaram: por intermédio dos avós e da noiva, Jayme conseguiu perdoar o abandono materno e entender os motivos de sua mãe. Mesmo após estarem de bem, eles ainda brigaram outras vezes, pois Maysa era contra o casamento do filho, por ele ser jovem demais, mas acabou aceitando.

Morte Trágica
No fim da tarde do dia de casamento do seu filho, em 1977, Maysa pegou seu carro e voltou para Maricá, onde morava havia alguns anos, quando um terrível acidente automobilístico na Ponte Rio-Niterói deu fim à sua vida. Em exames necroscópios foi constatado que a cantora estava sóbria no momento do acidente.[14] Em uma de suas últimas anotações no diário que a acompanhava desde adolescente, registrou:

"Hoje é novembro de 1976, sou viúva, tenho 40 anos de idade e sou uma mulher só. O que dirá o futuro?”