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• “Eu queria fazer as coisas que me fizeram apaixonada por música em primeiro lugar”, diz Gaga sobre “Joanne”

Em entrevista ao Yahoo!, Lady Gaga comentou a respeito de seus projetos, sobre parte do processo de criação das músicas do álbum Joanne e como surgiu algumas parcerias presentes nele, como Father John Misty, Hillary Lindsey e Mark Ronson.

Abaixo, você confere a entrevista na íntegra:

"As cordas vocais de Lady Gaga estão no telefone, soando instantaneamente familiares - mas não é o cacarejo louco de Bad Romance ou o rap robótico de Lovegame ou mesmo o sotaque de vampira sexy de sua personagem recente em American Horror Story, a Condessa. Lady Gaga soa… normal. Tagarelante, indefesa, feminina e até um pouquinho risonha. Ela soa feliz. “Eu sei que é bobo, mas como eu me refiro a você?”, eu pergunto, me sentindo bobo no momento que a pergunta sai de minha boca. “Te chamo de Gaga? Stefani?”. Ela apenas gargalha gentilmente por um momento, pausa e então responde, um pouco mais quieta: “Me chame de Joanne”.

Joanne, é claro, é o nome do muito esperado quinto álbum de estúdio de Gaga, a ser lançado em 21 de Outubro. Joanne também é seu nome do meio e o nome do restaurante italiano de seus pais em Nova Iorque. Mas, mais importante, Joanne foi o nome da tia paterna de Gaga, que morreu de lúpus aos 19 anos. Lady Gaga, cujo nome verdadeiro é Stefani Joanne Angelina Germanotta, nasceu 12 anos depois da morte de sua tia, em 18 de Dezembro de 1974, uma data que Gaga tem tatuada em seu braço. “O que eu sei de Joanne é o que ela deixou para trás, que foi muita perda e muito drama em minha família”, ela diz.

Mais cedo, este ano, durante um discurso emocional na premiação Producers Guild Awards, onde ela cantou seu hino de sobreviventes de estupro indicado ao Oscar Til It Happens To You, Gaga revelou que um abuso no campus da faculdade “atormentou tanto Joanne, emocionalmente, que isso causou-lhe uma piora em sua lúpus, motivo pelo qual ela veio a falecer”.

No entanto, embora nunca tendo conhecido Joanne pessoalmente, Gaga foi muito afetada pelo legado de sua tia, e quando Gaga chegou a seu próprio décimo nono aniversário, “foi quando decidi que eu iria botar meus pés no chão com força - ir pra cena de botecos e clubes de Nova Iorque, chegar pesado com minha música e tocar como uma compositora. Realmente foi Joanne e essa história na nossa família e a dureza que nos fez quem somos, que me deu a força para decidir viver o resto da minha vida da forma que ela não pôde".

Gaga diz que o álbum Joanne é “um retorno às minhas raízes de um modo muito forte”, e não apenas por ser tributo a um membro da família de quem muito sente-se falta. É também relacionado a seus dias de começo em Nova Iorque, cantando em noites de microfone aberto e abrindo para a banda glam de garagem Semi Precious Weapons no Lower East Side, “o que era pura diversão e provavelmente algumas das melhores memórias que eu tenho na minha vida", segundo Gaga. Isso fica evidente nos riffs de rock de estádio do primeiro single, Perfect Illusion e no vídeo atipicamente simples, em que uma Gaga de espírito livre, fazendo head-banging e levantando os punhos, canta em uma rave no deserto com o produtor hipster Mark Ronson e Kevin Parker, dos australianos do rock psicodélico Tame Impala, vestindo apenas shortinhos jeans, botas de combate, um rabo de cavalo bagunçado no alto da cabeça e uma camiseta rasgada que mostra a parte de baixo de seus seios. Um comentarista especialmente astuto no YouTube disse: “Esta não é a Gaga. Esta é Stefani.”

Gaga (ou Stefani, ou Joanne) está planejando uma turnê chamada Bud Light + Lady Gaga Dive Bar Tour, iniciando dia 5 de Outubro, na qual ela irá desprezar suas naturais megaproduções de arena por tipos de pé-sujos com buracos na parede onde ela começou sua carreira. “Não é muito por um remover tudo só por remover, tipo “Aqui estou eu, eu usava todas essas fantasias antes e agora eu não uso mais!”, diz Gaga, que garante que haverá “mais fantasias e luzes e grandes shows” no futuro. (Podemos assumir que seu recentemente anunciado Halftime Show no próximo Superbowl será um espetáculo nada parecido com um barzinho). “Mas para começar tudo, vamos voltar o relógio para o dia em que eu tinha 19 e decidi que ia viver o resto da vida que Joanne não teve a oportunidade de viver”, disse a cantora.

Claramente, esta não é a Gaga exagerada de ARTPOP - e pelo menos por enquanto isso é provavelmente uma coisa boa. Embora o álbum tenha vendido dois milhões e meio de cópias, recebeu críticas mistas e embora seus fãs mais ferrenhos, ou Little Monsters, deram seu apoio, muitos jornalistas foram incrivelmente grosseiros - quase desejosos de sua falha, nomeando o álbum de ARTFLOP e anunciando com alegria até o menor dos contratempos em sua vida pessoal ou profissional na época.

Gaga admite que essa reação “magoava às vezes… não é uma boa sensação quando você investe tanto tempo e trabalho e esforço nas coisas e as pessoas fazem piada com elas ou ridicularizam você pelas coisas que você criou”. No entanto, ela continua: “O ponto é que você não vai fazer sempre algo que todo mundo gosta. Você não pode estar nessa indústria pra ter as pessoas gostando de você. Isso não seria nem a coisa certa a fazer! Ter um lugar de fala tão grande no mundo e apenas se importar se as pessoas gostam de você - qual é objetivo, de verdade? Quando estou fazendo álbuns, nunca estou pensando 'Como posso tornar isso algo que vai ser aceito?'”.

O ciclo promocional de ARTPOP também incluiu uma série de feitos ilógicos e incompreendidos, como uma apresentação na SXSW que continha Gaga sendo coberta em vômito colorido pela “artista de vômito” Millie Brown, ou pela igualmente controversa apresentação no American Music Awards, com tema de Salão Oval, em que Gaga interpretava um tipo de Monica Lewinsky junto a um R. Kelly presidente. Na época, alguns céticos acreditavam que Gaga estava fazendo isso como um gesto desesperado de manter audiência.

“Sabe, eu preciso tomar a responsabilidade de que houve um elemento de absurdo em muitas coisas que eu fiz no passado”, Gaga admite. “O vestido de carne, confundir as pessoas, isso era parte do meu negócio. E eu nem diria necessariamente que agora vai ser completamente diferente. Acho que as pessoas verem eu me despindo de tudo está fazendo com que elas me questionem também - mas espero que as pessoas parem de me perguntarem tantos “por quês” e apenas ouçam as músicas".

Depois de um reinício na sua carreira por performances incríveis nos Oscars de 2015 e 2016 (respectivamente de “A Noviça Rebelde” e Til It Happens To You), um álbum de duetos vencedor de Grammy com Tony Bennett e uma façanha estupenda com o Hino Nacional no Super Bowl desse ano, Gaga está mais ligada à música do que nunca. De fato, Joanne parece o trabalho de um super grupo de indie rock, com participações de Florence Welch (Hey Girl), Beck (Dancing in Circles), Father John Misty (Sinner’s Prayer), Josh Homme do Queens of the Stone Age, o produtor da Grimes, BloodPop, Kevin Parker e Mark Ronson. Gaga até toca um pouco de guitarra no álbum, com o encorajamento de Ronson.

“Isso realmente foi sobre trabalhar com pessoas que possuem uma tremenda e profunda poesia com seu trabalho. Eu posso dizer isso com muito amor, que eu adoro e estimo muito as pessoas que trabalharam nesse álbum. E eu quero dizer, nós não colaboramos através do telefone, sabe? Foram dias, horas, noites no estúdio... Foi uma experiência brilhante. Paixão genuína e amor. Pessoas que realmente se importaram com o que queria estar disposta a soar e fazer uma gravação pop que tenha gravidade. Isso é um desafio. Nós queríamos fazer algo que parecesse como novo, e nós queríamos fazer algo que fosse pop, mas nós queríamos que isso fosse autêntico e mudamos um pouco as coisas. Nós amamos fazer música, e estamos tentando mudar um pouco o cenário de como a música está agora”.

As risadinhas de Gaga se tornam mais audíveis através do telefone à medida que ela fala sobre as colaborações pro Joanne. Ela comentou sobre a colaboração com Beck: “É de fato uma dançante canção divertida. É uma boa gravação. Nós a começamos em Malibu. Nós estávamos saindo durante a tarde e eu perguntei se ele não queria ir na minha sala de estar, onde estão todos os instrumentos para gravação. E nós apenas entramos e eu me sentei ao piano. Eu acredito que ele estava tocando uma guitarra Hummingbird, que o Mark me deu, nós apenas nos sentamos e começamos a tocar e nós escrevemos a canção. É uma matadora, uma matadora canção”. Sobre Parker, ela delira, “eu mal posso esperar pra trabalhar com ele. Foi amor a primeira vista quando todos nós ficamos juntos”.

Sobre Homme, ela disse, “Ele dedicou muito tempo com a gente nas guitarras e trabalhando em muitas das músicas... Ele é maravilhoso. Eu fiquei muitos dias com ele, trabalhando. Tivemos um bom tempo. Eu posso o escutar tocando guitarra por horas e horas e horas. Ele é tremendo”. E como ela chama Ronson? “Um tremendo talento brilhante. Minha coisa favorita sobre o trabalho que fizemos juntos no álbum é a maneira como ele me inspirou enquanto eu estava cantando. Os vocais na canção são muito honestos. Eu amo a maneira como ele ouve a minha voz.”

Nesse ponto da conversa, Gaga está super animada e começa a recitar umas linhas da canção Sinner’s Prayer, faixa com o “poeta fantástico” Father John Misty: “I’ve got a baby sister who looks just like me/And she wants nothing more than a man to please/Maybe she’s in too deep/Her love for him ain’t cheap/But it breaks just like a knockoff piece”.

Sinner’s Prayer definitivamente soa como um hino para as mulheres – para as pequenas Joannes do mundo, se você for – e Gaga disse que ela quer “falar para o publico feminino... Eu estou animada quando ando pelas ruas e as pessoas me veem, e não veem apenas as roupas e mal possam esperar pra tirar fotos. Eu mal posso esperar pra estar de frente com essa mulher que dirá, ‘Obrigado por escrever Joanne.’ Esse é meu objetivo. Eu quero saber que me ouviu no mais profundo”.

Mas Joanne, ela enfatiza, é pra todo mundo. “Eu apenas quero que todas essas garotas que nunca me entenderam antes, ou esses rapazes que nunca me entenderam anteriormente, ouçam o que eu tenho pra dizer sobre ser eu mesma durante esse tempo no mundo. Eu posso tentar falar pra essa mulher, mas eu não estou tentando falar pra essa mulher de uma maneira que ela fique irritada e em seguida fique irritada com seu parceiro. Ou fiquem irritado com sua namorada. Ou fiquem irritados com seu pai. Sabe? É o contrário. Eu quero falar pra essa mulher e quero que seu parceiro sente próximo dela pra escutar as músicas e seguirem, ‘Oh, eu captei isso. Eu entendo você melhor agora, querida’. Mark e eu conversamos muito sobre isso: Quando falar para uma mulher, quando falar para um homem, como poderíamos fazer declarações para as mulheres que os homens pudessem entender e fazer parte disso, e trazer o homem e a mulher mais perto, levar a mulher pra mais perto?”.

Uma faixa do Joanne – com uma colaboração que aparentava ser improvável, da compositora sertaneja Hillary Lindsey (compositora de Jesus Take the Wheel, de Carrie Underwood, e Girl Crush, de Little Big Town’s) - é uma "canção das meninas", especialmente comovente com apelo universal, e ligada ao tema geral, da perda, inspirado pelo nome homônimo do álbum. Grigio Girls é sobre mim e minha amiga, juntas, para beber Pinot grigio e chorar sem a nossa amiga Sonja (Dunham, membro da Haus of Gaga), porque a Sonja está com câncer, e nós precisávamos de um tempo sem ela pra chorar sobre isso, porque não queríamos chorar na frente dela – porque ela sempre foi forte, e sempre nos passou tanta força”, Gaga revela, ficando séria de novo. "E tipo, começou lá, e, em seguida, se transformou em uma música muito sobre como as garotas se reúnem para falar de tudo. Então nós começamos a tocar a música para amigos homens – ambos gays e héteros – e observamos no rosto deles, algo como ‘Oh, cara, isso é tão verdadeiro. Agora eu sei por que minha garota é assim’. E então eles estavam como ‘Ei, por que eu não posso ser uma “grigio girl”, também?’. Eles queriam fazer parte dessa festa, por que essa festa é inclusiva. É um lugar onde você pode deixar tudo sair".

Então agora Lady Gaga está deixando tudo sair nos três shows intimistas, nos bares promovidos pela Bud Light, nos seus vídeos musicais e no seu mais pessoal álbum a ser lançado. “Quando eu comecei a escrever Joanne, eu pensei comigo mesma, ‘Como eu posso me conectar com outras pessoas agora, nesse ponto da minha carreira? Através da minha música? Como eu posso ir mais fundo?’. E a verdade é que eu queria fazer as coisas que me fizeram me apaixonar pela música”, ela disse. “Apenas me sentando ao piano e escrevendo uma música, e sendo sobre mim, a música e a história que eu queria contar - algo mais biográfico, algo mais pessoal. Essa transição na minha carreira, sou eu embarcando em uma nova jornada com Joanne no meu coração, e eu espero me conectar com o mundo em um nível mais profundo”.

“A coisa é, uma vez que eu era capaz de voltar a isso, eu era capaz de me lembrar de que o que é importante na vida é a família, amizade, conexão e cuidar do outro, especialmente nesse tempo onde as pessoas estão tão isoladas, perdidas e com medo. É muito bom escrever uma canção onde você coloca tudo descoberto, e cantar isso, olhando meus fãs insanos. Esse é realmente o ponto que eu estou tentando fazer. E Joanne está me dando forças pra fazer isso”.