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Nessa última semana, Mark Ronson e Hillary Lindsey, que fizeram parte da produção do novo álbum de Lady Gaga, Joanne, deram uma entrevista muito pessoal ao Entertainment Weekly falando sobre a colaboração neste trabalho.

Ambos os artistas afirmaram que esse álbum é muito pessoal para Gaga: "Eu espero que os fãs ouçam do jeito como ele é: Lady Gaga fala do coração", disse Lindsey.

Eles contam, em detalhes, o carinho em que Lady Gaga teve com os colaboradores durante a produção do álbum e algumas curiosidades

Abaixo, leia a matéria na íntegra:

"POR DENTRO DA CRIAÇÃO DE JOANNE

Mark Ronson pode contar em uma mão quantas horas ele dormiu nas últimas semanas. Ele tem se esforçado para terminar os toques finais no novo álbum de Lady Gaga - refazendo vocais de background, gravando com uma banda, mixando e masterizando as músicas. 'Isso é o que acontece quando está na hora de comer'. Ele conta para a EW numa noite de setembro. 'Eu imagino que isso é o tipo de coisa que acontece no término de *The Life of Pablo [álbum do Kanye West] ou alguma coisa assim'. Descansar não é uma opção - depois de deixar o estúdio, ele está voando para Londres para um negócio - mas ele está a todo vapor. 'Quando a música é muito boa, você fica animado o tempo todo', diz Ronson.

Especialmente quando é música nova da Lady Gaga, que rapidamente se estabeleceu como um dos nomes mais emocionantes do pop quando ela apareceu em 2008, com um arsenal de roupas de outro mundo. Mas quando a cantora retornar, com seu quinto álbum, Joanne, no dia 21 de outubro, ela vai estar experimentando algo totalmente novo: a normalidade. Indo desde influências do rock e do country, ela agora está escrevendo letras sobre relacionamentos e família. É a última evolução de uma das imprevisíveis pop stars, que recentemente tem explorado tudo, desde jazz (o álbum de duetos com o Tony Bennett, Cheek To Cheek) até a televisão (ganhando um Golden Globe pela sua atuação em American Horror Story). Mas, para uma artista que apoiou sua carreira em hinos pop chamativos com uma sensibilidade de Andy Warhol, esse é um movimento arriscado - especialmente considerando o seu último álbum solo de 2013, ARTPOP, que foi uma decepção para a crítica.

Porém, os confidentes da Gaga estão dizendo que as novas músicas vão acabar com qualquer dúvida. 'Quaisquer que sejam suas noções pré-concebidas, no momento em que você conhece ela e vê o piano, a guitarra e vê o quão real ela é, todo mundo fica 'Oh, caramba, eu quero dar para ela a melhor música que eu já escrevi'', Ronson fala.
UMA HISTÓRIA DE ORIGEM DA GRANDE CIDADE

Se a ideia de Gaga fazer um álbum inteiro com o cara de Uptown Funk parecer estranha, não deveria. Os caminhos deles primeiramente se cruzaram em 2009, quando o rapper Wale, que tinha assinado um contrato com a Ronson's Allidon Records, colaborou com a estrela pop em ascensão no momento em sua música Chillin. 'Pareceu bem familiar desde o começo', Ronson diz. 'Nós dois crescemos em Nova Iorque, a uns 10 quarteirões um do outro. Eu sou mais velho, mas todos nós fazemos as mesmas coisas: bebemos cerveja em sacos de papel nos degraus de museus. Ela é como qualquer outra pessoa que eu poderia ter sido amigo quando estava crescendo', completa.

Os dois se encontraram novamente ano passado e alguns meses depois Gaga o abordou com a sugestão de ir ao estúdio. Ronson ficou tão surpreso como todo mundo: 'Claro que você fica 'Que tipo de música você faz com alguém que tem o som e a personalidade tão definidos?''. Porém, no momento em que eles entraram no estúdio, qualquer preocupação sobre o que eles criariam rapidamente desapareceu. 'Umas das minhas músicas favoritas das quais eu escrevi já saíram logo na primeira semana", comenta Ronson, que é produtor executivo de todo o álbum. 'É maravilhoso porque você toca três acordes para ela e do nada, ela começa a jorrar as melodias mais maravilhosas e refrões pegajosos que você já escutou'.
UM TIME IMPROVÁVEL

Uma vez que o disco estava tomando forma, Ronson trouxe o que ele chama de sua 'família musical estendida', incluindo o produtor Emile Haynie (Lana Del Rey) e Kevin Parker, da banda australiana de rock psicodélico Tame Impala. Este último apareceu com uma demo inacabada que havia intitulado de 'Illusion', que evoluiu para o primeiro single do álbum, Perfect Illusion. 'Nós todos nos sentamos e Gaga começou a voar com a letra e as melodias', Ronson conta sobre a criação da música.

Outros convidados de Joanne são Florence Welch, da banda Florence + The Machine (que faz um dueto com Gaga em Hey Girl), Father John Misty (que contribuiu em Sinner’s Prayer) e Beck (que apareceu no estúdio depois de ter esbarrado com Ronson e Gaga em uma noitada). Gaga e Ronson também chamaram o produtor BloodPop, mais conhecido por trabalhar em Sorry, do Justin Bieber, para ajudar a polir o material bruto. '[Ele] fez uma mudança incrível de verdade na sonoridade toda', diz Ronson. 'Ele pegou o que estávamos escrevendo, que era bem clássico, e levou a esse maravilhoso lugar moderno, adicionando belos arranjos e acordes e cordas selvagens'.

Um dia, BloodPop estava brincando com a melodia de um sample de voz que lembrava tanto a Ronson de sua banda favorita de rock, Queens of the Stone Age, que ele escreveu uma letra ao líder da banda, Josh Homme, convidando-o a passar um tempo e talvez tocar em algumas canções. Homme acabou co-produzindo muitas faixas além de tocar guitarra e bateria. 'Eu nem sei o que fizemos para merecer Josh Homme como nosso axeman* colaborador', elogiou. 'O que ele sabe fazer com a guitarra, ninguém mais pode fazer', completou.
*“Axeman” neste contexto é uma gíria para um músico extremamente talentoso.

UM TOQUE DE NASHVILLE

Talvez a força criativa mais inesperada em Joanne seja a compositora de Nashville, Hillary Lindsey, mais conhecida por co-escrever Girl Crush, de Little Big Town e Jesus, Take the Wheel, de Carrie Underwood. As duas foram introduzidas por Aaron Bay-Schuck, um executivo de Artistas e Repertório da gravadora de Gaga, depois de ouvir um material inicial do Joanne. 'Aaron disse que Gaga estava procurando escrever algumas canções reais, verdadeiras sobre sua vida', diz Lindsey, que co-escreveu três músicas em Joanne: A-Yo, Million Reasons, e Grigio Girls. Embora Lindsey já tenha escrito para pop stars como Miley Cyrus e Shakira, receber uma ligação sobre trabalhar com Gaga a deixou sem palavras: 'Eu provavelmente deixei cair meu celular', ela conta.

Apesar de suas carreiras radicalmente divergentes, encontrar um lugar-comum foi fácil. Antes mesmo de começarem a escrever, Gaga chamou Lindsey para passarem um tempo juntas e se conhecerem melhor. 'Céus, nós teríamos nos metido em muita confusão no ensino médio juntas', diz Lindsey. Às vezes as duas se uniam através de taças de vinho na casa de Gaga, em Los Angeles, e riam como 'duas pequenas estudantes'.

Outros momentos foram mais sombrios. Quando Gaga tocou a faixa-título, denominada pelo nome de sua tia cuja morte afetou profundamente sua família, a cantora desmanchou no sofá. 'Sua mãe chorou, veio e colocou seus braços ao redor dela', conta Lindsey. 'Eu comecei a lacrimejar'. De acordo com Lindsey, Gaga fala candidamente sobre sua vida pessoal - elas trabalharam juntas pela primeira vez em junho, o mês anterior ao término do noivado de Gaga e Taylor Kinney - e suas conversas às vezes inspiraram as músicas diretamente. 'Ela falava tantas coisas que eu ficava 'Isso dá uma música!'', Lindsey diz. 'E aí ela falava outra coisa e eu dizia 'Isso dá uma música! Isso dá uma música!'.
O GOSTO PELA CASA

As reuniões para o Joanne foram livres e informais - Lindsey e Gaga até escreveram uma música em volta da sua mesa de cozinha, comendo espaguete. Enquanto Lindsey tocava guitarra, Gaga escrevia letras em uma máquina de escrever antiga. 'Ela tinha [a máquina de escrever] em Los Angeles e também teve no estúdio em Nova Iorque', diz Lindsey. 'Eu não sei se ela tem duas ou se leva com ela, mas eu simplesmente adorei'.

Comida nunca esteve em falta também. 'Ela optaria por se atrasar no estúdio e me enviar uma mensagem, tipo: 'Eu sinto muito, ainda estou marinando o frango!'', lembra Ronson. 'A maioria das minhas memórias [de produzir Joanne] não são apenas musicais, mas bem calorosas, só de vê-la cozinhar vestida como uma garota dos anos 50, do Leader of the Pack, preparando frango à milanesa. Ela teve cuidado com todos. 'Quero dizer, ela lavou todos os pratos. Eu falei algo do tipo, 'Você sabe que realmente não precisava ter feito isso''.
A RECEPÇÃO CALOROSA

Até agora, o mundo parece pronto para abraçar a Gaga. Perfect Illusion estreou em 15º lugar na Billboard Hot 100 e foi bem recebido pelas rádios. 'Foi a canção mais pedida [em sua primeira semana]', disse o programador executivo John Ivey. 'Ela fez um ótimo trabalho em se reinventar, de verdade'.

Mas enquanto a música incorpora as guitarras ao campo esquerdo da produção, fãs desde o início das composições de Gaga ainda devem achar muita coisa para amar sobre o Joanne também. 'Não é de forma alguma um disco de rock', diz Ronson. 'Ela adora seus fãs e todas as pessoas que a apoiaram desde o início. Para ela, não se trata de 'Que eles se f—, estou farta, eu quero fazer isso agora'. No estúdio, ela é sempre assim: 'Talvez a gente possa colocar esse pequeno gancho do Fame Monster. Tem definitivamente muito dele lá''.

Lindsey concorda: 'Se nós estamos falando sobre o estilo de música, esta canção não é nada country por qualquer motivo', diz ela. 'Há algumas influências folclóricas às vezes, talvez um pouco de violão, mas isso não significa que seja necessariamente country'. Independente de qualquer coisa, Joanne vai finalmente oferecer um acesso sem precedentes e não filtrada à mulher nascida Stefani Germanotta. 'Eu espero que os fãs ouçam do jeito como ele é: Lady Gaga fala do coração', diz Lindsey. 'Ela pode mostrar ao mundo que ela não precisa de todos os truques. Ela ainda pode agarrá-lo e tê-lo na palma da sua mão'".