angelinajoliev
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Trabalho humanitário

Jolie testemunhou pela primeira vez os efeitos de uma crise humanitária enquanto filmava Lara Croft: Tomb Raider (2001) no Camboja, que estava devastado por uma guerra, uma experiência que ela falou ter trazido uma maior compreensão sobre o mundo.[140] Ao terminar as gravações do filme e voltar para casa, contatou o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) para obter informações sobre lugares problemáticos em âmbito internacional.[139] Para saber mais sobre as condições nessas áreas, ela começou a visitar campos de refugiados ao redor do mundo. Em fevereiro de 2001, fez sua primeira visita a um campo de refugiados, uma missão de dezoito dias para Serra Leoa e Tanzânia. Ela, mais tarde, expressou seu choque com o que havia testemunhado.[139] Nos meses seguintes, Jolie retornou ao Camboja por duas semanas e encontrou-se com refugiados afegãos no Paquistão, onde doou um milhão de dólares em resposta a um apelo de emergência internacional do ACNUR,[139][141] a maior doação já recebida de uma iniciativa privada individual.[142] Ela cobriu todos os custos relacionados a suas missões e compartilhou as mesmas condições rudimentares de trabalho e de vida das pessoas de campo do ACNUR em todas as suas visitas. Jolie foi nomeada Embaixadora da Boa Vontade na sede do ACNUR em Genebra em 27 de agosto de 2001.[143]


Jolie ao lado da secretária de Estado Condoleezza Rice em uma celebração no ACNUR do Dia Mundial dos Refugiados em junho de 2005
Durante a década seguinte, participou de mais de quarenta missões de campo, encontrando-se com refugiados e pessoas deslocadas internamente em mais de trinta países.[144] Em 2002, quando lhe perguntaram o que esperava realizar, declarou: "Conscientizar a situação dessas pessoas, acho que elas deveriam ser elogiadas pelo que sobreviveram, não desprezadas."[139] Para esse fim, suas visitas de campo de 2001-02 foram narradas em seu livro Notes from My Travels, publicado em outubro de 2003 juntamente com o lançamento de seu filme Beyond Borders. Jolie pretendia visitar o que chamava de "emergências esquecidas," crises que tinham perdido a atenção da mídia.[145] Ela destacou-se por viajar para zonas de guerra,[146] como a região sudanesa de Darfur durante o conflito de Darfur,[147] a fronteira sírio-iraquiana durante a Segunda Guerra do Golfo,[148] onde se reuniu em particular com tropas americanas e outras forças multinacionais,[149] e a capital afegã, Cabul, durante a Guerra do Afeganistão, onde três trabalhadores humanitários foram assassinados durante a primeira visita dela.[146] Para ajudar em suas viagens, começou a ter aulas de voo em 2004 com o objetivo de transportar trabalhadores humanitários e suprimentos de alimentos em todo o mundo;[150] agora, possui uma licença de piloto privado com habilitação de voo instrumental e possui um Cirrus SR22 e um Cessna 208 Caravan monomotor.[151][152]

Em 17 de abril de 2012, após mais de uma década de serviço como Embaixadora de Boa Vontade do ACNUR, Jolie foi promovida ao cargo de Enviado Especial do Alto Comissário António Guterres, a primeira pessoa assumir essa posição dentro da organização. Em seu novo cargo, foi dada autoridade para representar Guterres e ACNUR a nível diplomático, com foco em grandes crises de refugiados.[153] Nos meses que se seguiram à sua promoção, fez sua primeira visita como Enviado Especial — a terceira pessoa a fazê-lo — ao Equador, onde se encontrou com refugiados colombianos[154] e acompanhou Guterres a uma viagem de uma semana pela Jordânia, Líbano, Turquia, e Iraque, para avaliar a situação dos refugiados da Síria.[155] Desde então, realizou mais de uma dúzia de missões de campo em todo o mundo.[144][156]

Conservação ambiental e desenvolvimento comunitário

Jolie na reunião anual do Fórum Econômico Mundial em Davos em janeiro de 2005
Em um esforço para conectar seu filho nascido no Camboja à sua origem, Jolie comprou uma casa no país em 2003. A casa localiza-se numa propriedade de 39 hectares na província noroeste de Battambang, ao lado do parque nacional Samlout nas montanhas Cardamom. Ela comprou sessenta mil hectares do parque e transformou a área em uma reserva de vida selvagem em homenagem ao seu filho, o Projeto Maddox Jolie.[157] Em reconhecimento aos seus esforços de conservação ambiental, o rei Norodom Sihamoni concedeu-lhe a cidadania cambojana em 31 de julho de 2005.[158]

Em novembro de 2006, Jolie expandiu o projeto — renomeando-o para Maddox Jolie-Pitt Foundation (MJP) — para criar o primeiro Millennium Village da Ásia, de acordo com os objetivos de desenvolvimento da ONU.[159] Ela foi inspirada por um encontro com o fundador do Millennium Promise, o notável economista Jeffrey Sachs, no Fórum Econômico Mundial em Davos,[160] onde foi oradora convidada em 2005 e 2006. Em meados de 2007, cerca de seis mil aldeões e 72 empregados — alguns deles antigos caçadores furtivos — moravam e trabalhavam no MJP. O complexo inclui escolas, estradas e uma fábrica de leite de soja, todos financiados por Jolie. Sua casa funciona como a sede do campo MJP.[160] Depois de filmar Beyond Borders (2003) na Namíbia, ela tornou-se patrona da Harnas Wildlife Foundation, um orfanato de vida selvagem e um centro médico no deserto de Kalahari.[161] Em dezembro de 2010, Jolie e seu sócio, Brad Pitt, fundaram a Fundação Shiloh Jolie-Pitt para apoiar o trabalho de conservação da Naankuse Wildlife Sanctuary, uma reserva natural também localizada no Kalahari.[162] Em nome de sua filha nascida na Namíbia, eles financiaram projetos de conservação de animais grandes, bem como uma clínica de saúde gratuita, moradia e uma escola para a comunidade de San Bushmen em Naankuse.[163][164][165] Ambos apoiam outras causas através da Fundação Jolie-Pitt, criada em setembro de 2006.[162]

Imigração infantil e educação

Jolie na capa da revista Ms. em 2015, na qual discute o casamento infantil
Jolie voltou-se a causas cujo objetivo é ajudar crianças imigrantes e outras crianças vulneráveis, tanto nos Estado Unidos como em países em desenvolvimento, incluindo a "Unaccompanied Alien Child Protection Act of 2005."[143][166] Ela começou a fazer lóbi em interesses humanitários na capital americana a partir de 2003, explicando: "Por mais que eu gostaria de não ter que visitar Washington, essa é a única maneira de promover a causa."[143] Desde outubro de 2008, copreside a Kids in Need of Defense (KIND), uma rede de escritórios de advocacia americanos que prestam assistência jurídica gratuita a menores não acompanhados em processos de imigração para os Estados Unidos.[167] Fundada em colaboração entre Jolie e a Microsoft Corporation, até 2013, a KIND tornou-se a principal provedora de advogados pro bono para crianças imigrantes.[168] Jolie tinha, anteriormente, de 2005 a 2007, financiado o lançamento de uma iniciativa semelhante, e posteriormente o Comitê dos EUA para Refugiados e Imigrantes lançou o Centro Nacional para Refugiados e Crianças Imigrantes.[166][169]

Ela também defende a educação das crianças. Desde a fundação da reunião anual da Iniciativa Global Clinton em setembro de 2007, a ativista copreside a Parceria Educacional para Crianças do Conflito (EPCC), que fornece financiamento para programas de educação para crianças em regiões afetadas por conflitos.[170] Em seu primeiro ano, a parceria apoiou projetos de educação para crianças iraquianas refugiadas, jovens afetados pelo conflito no Darfur e meninas na zona rural do Afeganistão, entre outros grupos afetados por conflitos.[170] A parceria tem trabalhado em estreita colaboração com o Centro de Educação Universal do Conselho de Relações Exteriores — fundado pelo economista Gene Sperling — que têm como objetivo estabelecer políticas educacionais, fazendo recomendações, inclusive, às agências da ONU e às agências de desenvolvimento do G8 e do Banco Mundial.[171] Desde abril de 2013, todos os lucros da coleção de joias de Jolie "high-end Jolie" e "Style of Jolie", beneficiaram o trabalho da parceria.[172]

Jolie financiou uma escola e um internato para meninas no campo de refugiados de Kakuma no noroeste do Quênia,[173] que abriram em 2005,[174] e duas escolas primárias para meninas nos assentamentos de repatriados Tangi e Qalai Gudar no leste do Afeganistão, que abriram em março de 2010 e novembro de 2012, respectivamente.[175][176] Além das instalações feitas pelo Millennium Village no Camboja, a ativista já havia construído, pelo menos, outras dez escolas no país em 2005.[177] Em fevereiro de 2006, ela abriu o Maddox Chivan Children's Center, um centro médico e educacional que assiste crianças afetadas pelo HIV, na capital cambojana, Phnom Penh.[159] Em Sebeta, Etiópia, o local de nascimento de sua filha mais velha, ela financia a instituição Zahara Children's Center, que abriu em 2015 e intenta educar crianças que sofrem de HIV ou tuberculose. Ambos os centros são administrados pelo Comitê Global de Saúde.[178]

Jolie expressou seu apoio à Malala Yousafzai, uma ativista dos direitos humanos das mulheres e do acesso à educação por parte dos adolescentes no Paquistão, conhecida por ter sido baleada por membros do Talibã depois de ter feito blogues para a BBC em urdu sobre como era a vida das pessoas sob o regime talibã.[179] Depois do alvejamento de Yousafzai em 9 de outubro de 2012, Jolie escreveu um artigo para The Daily Beast intitulado "We All Are Malala", no qual documentou sua reação ao ocorrido e expressou seu apoio à educação das meninas no Paquistão.[180][181] No ano seguinte, ela pronunciou um discurso na Cúpula Mundial das Mulheres, na qual expressou seu apoio à Yousafzai e anunciou o início do Fundo Malala, um sistema de subsídios destinado a apoiar estudantes no Paquistão.[182][183] Além disso, contribuiu pessoalmente mais de duzentos mil dólares para o Fundo[184] e também honrou Yousafzai ao abrir uma escola para meninas no Paquistão.[185]

Direitos humanos e direitos das mulheres

William Hague e Jolie no lançamento da Iniciativa de Prevenção da Violência Sexual, em maio de 2012
Depois de ter se juntado ao Conselho de Relações Exteriores (CFR) em junho de 2007,[186] Jolie organizou uma conferência sobre o direito internacional e justiça na sede do CFR e financiou vários relatórios especiais, incluindo a "Intervenção para parar o genocídio e as atrocidades em massa."[156][167] Em janeiro de 2011, ela oficializou a Jolie Legal Fellowship,[187] uma rede de advogados que são patrocinados para defender a continuidade dos direitos humanos em seus países de origem.[188] Seus advogados membros, chamados Jolie Legal Fellows, têm facilitado os esforços da proteção infantil no Haiti após o terremoto de 2010 e promovido o desenvolvimento de um processo democrático inclusivo na Líbia após a revolução de 2011.[187][188]

Ela apoiou uma campanha realizada pelo governo britânico em ações globais contra a violência sexual em zonas de conflito militar,[189] o que tornou a questão uma prioridade durante a reunião do G8 de 2013. Em maio de 2012, lançou a Iniciativa de Prevenção da Violência Sexual (PSVI) com o então ministro das Relações Exteriores britânico William Hague,[190] o qual foi inspirado a fazer uma campanha sobre o tema após ter assistido In the Land of Blood and Honey (2011), filme dirigido por Jolie.[191] A PSVI foi criada para complementar o trabalho do governo britânico por intermédio da sensibilização e promoção da cooperação internacional.[190] Jolie falou sobre o assunto na reunião dos Ministros dos Negócios Estrangeiros do G8,[192] onde as nações presentes adotaram uma declaração histórica[190] perante o Conselho de Segurança da ONU: os Chanceleres do G8 concordaram em fazer um clamor para aumentar os esforços em busca de justiça para as vítimas de abuso, incluindo 35,5 milhões de dólares em financiamento para esforços de prevenção e de resposta.[193][194] Em junho de 2014, ela copresidiu a Cúpula Internacional para o Fim de Violência Sexual em Conflitos, a maior reunião já feita sobre o assunto,[195] que resultou em um protocolo aprovado por 151 nações.[196]

Por intermédio de seu trabalho na PSVI, Jolie conheceu Arminka Helic, a então assessora especial de Hague. Elas fundaram a Jolie Pitt Dalton Helic em 2015, dedicada aos direitos das mulheres e à justiça internacional, entre outras causas.[197] Em maio do ano seguinte, ela estreou como professora-convidada na London School of Economics por compartilhar com os pós-graduandos do curso Mulheres, Paz e Segurança a sua experiência na área de combate à violência sexual.[198][196]

Em fevereiro de 2017, a atriz criticou, em um artigo de opinião publicado pelo The New York Times, a ordem executiva assinada pelo presidente Donald Trump que suspende os Programa de Admissões de Refugiados aos Estados Unidos (USRAP, na sigla em inglês) durante 120 dias, bem como a entrada de pessoas da Líbia, Iran, Iraque, Somália, Sudão, Síria e Iêmen.[199][200][201]

“ Os americanos derramaram sangue para defender a idéia de que os direitos humanos transcendem a cultura, a geografia, a etnia e a religião. A decisão de suspender o reassentamento de refugiados nos Estados Unidos e negar a entrada de cidadãos de sete países de maioria muçulmana foi recebida com choque por nossos amigos em todo o mundo precisamente por causa desse decreto. A crise global de refugiados e a ameaça do terrorismo fazem com que seja completamente justificável que consideremos como proteger as nossas fronteiras da melhor maneira ... Cada governo deve equilibrar as necessidades das suas cidades com as suas responsabilidades internacionais. Mas a nossa resposta deve ser medida com base em fatos e não em resposta ao medo.[202][203] ”
Reconhecimento e honras

Impressão da mão de Jolie em Cannes feita em 2007
Jolie recebeu um amplo reconhecimento por seus trabalhos humanitários. Em agosto de 2002, recebeu o Prêmio Humanitário Inaugural do Programa de Imigração e Refugiados do Serviço Mundial da Igreja[204] e, em outubro do ano posterior, foi a primeira pessoa a receber o Prêmio Cidadão do Mundo pela Associação de Correspondentes das Nações Unidas.[205] Foi premiada com o Global Humanitarian Award pela UNA-USA em outubro de 2005[206] e recebeu o Freedom Award do Comitê Internacional de Resgate em novembro de 2007.[207] Em outubro de 2011, o Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, António Guterres, premiou-lhe com um pino de ouro — reservado para os membros mais antigos — em reconhecimento por ser Embaixadora da Boa Vontade do ACNUR há mais de uma década.[208]

Em novembro de 2013, Jolie recebeu o Prêmio Humanitário Jean Hersholt, um prêmio honorário da Academia, pelo Conselho de Governadores da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.[209][210] Em junho de 2014, foi nomeada Comandante Honorária da Ordem de St Michael e St George (DCMG) por seus serviços à política externa do Reino Unido e a campanha para acabar com a violência sexual em zonas de guerra.[211] Em uma cerimônia privada no mês de outubro do mesmo ano, a atriz ganhou o título de Dama Honorária da Rainha Elizabeth II e recebeu uma insígnia no Palácio de Buckingham por seu trabalho humanitário.[212][213]

Em virtude de seus esforços humanitários, foi comparada a Audrey Hepburn; sobre isso, declarou: "Sinto-me sortuda e privilegiada por poder estar envolvida nisso. E tenho certeza [de] que Audrey também. [...] Ela pôde ajudar milhões de crianças ao redor do mundo. Existem refugiados precisando de ajuda há muito tempo. E, tenho certeza, você sabe, que as minhas crianças irão visitar e aprender com os refugiados no futuro."[214]