Muita gente falou no Twitter e reblogou no Tumblr que o Cory não morreu, ele pegou o trem da meia-noite e foi pra um lugar qualquer, como diz a letra de Don’t Stop Believin’. Não, não estou aqui para falar da morte dele, lamentar saudade, ou escrever um texto de superação.
Comecei a assistir Glee porque achei um vídeo da cena de Rehab enquanto procurava a original da Amy Winehouse e a partir daí foi só amores. A série surgiu com o poder de mostrar na tela tudo aquilo que você sente, todas as suas inseguranças – não só as suas, mas as de todo mundo mesmo – ajudando todos a aceitarem a si e as pessoas ao seu redor com suas músicas favoritas e conhecendo outras novas, que você provavelmente nunca iria ouvir por vontade própria. Isso parecia mágico e encantou o mundo inteiro.
Mas só a história da série não parecia o suficiente, tanto que Glee possui o maior número de fanfics na categoria de TV do fanfiction.net (são 99.7k agora) e Little Numbers já até parou nos Trending Topics e eu tive que ler só pra matar a curiosidade. Isso porque muitos fãs preferem as fics, porque lá tudo é um arco-íris perfeito e seu OTP vai sempre ficar junto no final depois de passar por inúmeros clichês.
Hoje Glee tem uma data pra acabar e o final que seria Finchel, será in memorian do Cory. Lembro que no dia 13 de julho, todos estavam animados porque no dia seguinte gravariam os vídeos do FOX Lounge e comentaram que teríamos as entrevistas que sempre quisemos – você sabe quais, até que TUDO caiu de repente. Tudo o que a gente achava que estava bem, todo o pré-riot que estava acontecendo se transformou numa espera de que as notícias fossem mentira e eu estava aqui, com essa mesma página aberta, sem saber o que fazer, traduzindo tweets de pessoas famosas para o site, sem conseguir dormir, enquanto todo o mundo que eu achava que era perfeito e minha imaginação me levava a fazer parte dele, ia por água abaixo.
A verdade é que Glee se transformou numa válvula de escape e ao mergulhar cada vez mais nela, em vez de eu melhorar, eu só ia me perdendo, mas eu me sentia melhor. Não vou dizer que não sou grata pelo Gleek Out! Brasil, eu vou sempre ter um orgulho enorme pelo site e nunca vou me arrepender de todo o tempo que me dediquei a ele enquanto poderia… sei lá. E ainda quero abraçar todas as pessoas que eu conheci por meio dele.
No primeiro Glee-ality, a Duds falou que ela não deixou Glee pra trás da vida dela, ela apenas se formou. Não, eu não queria me formar. Eu queria que a minha temporada terminasse na metade do ano letivo e a formatura fosse estendida para a season seguinte. Como Harry Potter e todas as sagas seguintes que dividiram o último livro em dois filmes para adiar o fim e gerar mais dinheiro contar a história mais detalhadamente.
Quando Rachel foi a única a ser aceita na faculdade em Nova York, ela decidiu abrir mão de tudo aquilo que ela sonhou pra se casar com Finn e ajudá-lo a entrar na faculdade, porque a NYADA sempre estaria lá para ela e eles poderiam ir juntos no ano seguinte e morar numa “caixinha de sapato”. Mas ele sabia que aquilo era errado, que ela iria fazer coisas incríveis porque ela é especial, mas para isso ela teria que passar por tudo sozinha e ele tinha que deixá-la livre e disse: “Você irá pegar esse trem, vai para Nova York e será uma estrela sem mim. Isso é o quanto eu te amo. Sabe o que nós vamos fazer? Nos render. Sei que para você é difícil, pois você se apega muito às coisas. Mas vamos nos sentar aqui e vamos nos render e deixar o universo acontecer…”.
Não basta só se formar, tem que estar disposto a pegar o trem e seguir para um lugar qualquer, seja ele Nova York, ou Macaé. Porque tem muita vida pela frente e não só quem está preso por gostar da série, mas tem gente que se dedica a ficar o dia inteiro falando mal, o que é pior ainda. Não estou falando pra ninguém parar de vez, mas o tempo tá acabando e o que você fez nos últimos cinco anos? Você reclama da vida o tempo inteiro, mas alguma vez você fez alguma coisa pra mudar ela, além de falar disso no Twitter e compartilhar com milhões de outras pessoas que passam pelas mesmas coisas? A vida é uma só. Procurar fora de si mesmo por respostas sobre o motivo de não ter criado a vida que deseja não vai ajudá-lo. Você cria a qualidade de vida que leva – ninguém mais. Você quer pegar o trem, ou esperar ela passar?
“Eu sei que estou destinado à outra coisa, mas primeiro eu tenho que me encontrar, mas eu não sei como. Oh, por que eu tento alcançar as estrelas quando eu não tenho asas para me levar tão longe? Eu tenho que ter raízes antes de ramos para saber quem eu sou antes de saber quem eu quero ser e fé para me arriscar, para viver como se eu visse um lugar no mundo para mim”.
FONTE GLEEK OUT BRASIL