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ENTREVISTA: Jared Leto e sua brilhante atuação

Jared Leto como um transexual viciado em drogas e portador de HIV ajuda Matthew McConaughey a vender medicamentos em 'Dallas Buyers Club. Ele se sentou com Marlow Stern no TIFF para discutir seu papel, sua própria luta contra as drogas e My So-Called Life.



Jared Leto e sua brilhante atuação como um transexual em "The Dallas Buyers Club"

Então, Rayon...
"Sim, querida? [Risos]"

Para este papel, como você chama seu travesti interior?
"Todos temos um, o nosso travesti interior. É sobre identidade. Todos nós, em algum momento de nossa vida, nos questionamos sobre quem realmente somos. Eu comecei a ouvir e me encontrar com transexuais, e eles foram tão generosos compartilhando aspectos pessoais muito particulares de suas vidas comigo. E eu trabalhei, trabalhei, e eu trabalhei."

Você dizia alguma coisa a respeito das roupas que você tinha que usar? Algo do tipo, "Oh não, isso eu não vou usar".
"Claro! Você começa a se envolver. 'Isso não vai funcionar pra mim'. Teve um momento onde eu mantive a minha posição. Tínhamos um departamento de roupas fantástico, mas fui incentivado a usar calças femininas, apesar de não querer vesti-las. Eu queria vestidos, porque pra mim, nesse curto período de filmagem, eu queria me sentir o mais feminina possível. São momentos raros quando você sente suas pernas se tocando dessa forma... a não ser que você esteja sem roupa. Mas foi um processo natural. Os saltos fazem você andar de forma diferente, com uma bolsa no seu ombro faz com que você se comporte de uma maneira diferente, e se você perder 18 quilos e pesar apenas 50 quilos, você vai andar de forma diferente."

Você perdeu 18 quilos para o papel?
"No mínimo 18 quilos. Eu parei de contar no 18."

Foi mais difícil perder 18 para Dallas Buyers Club ou ganhar 30 para Chapter 27?
"Ganhar é o mais difícil, e é o mais difícil pra você. Isso muda você pra sempre. De certa forma, você nunca se recupera totalmente. Ele ainda está comigo. Afeta o meu corpo, a minha saúde de uma forma muito ruim. É muito perigoso. E eu ganhei 60 quilos."

Essa foi a primeira vez que você se transvestiu de mulher ou você já teve um momento Ed Wood?
"Já tive um momento de Ed Wood... ou foram três? [Risos]. Eu me lembro que uma vez quando era criança eu passei um batom. Eu estava conversando, e eu passei, e então eu olhei pra mim em um espelho, achando tudo surpreendente, de certa forma. Eu acho que o batom é muito poderoso, é um significante. Uma pessoa pode usar um delineador, mas o batom está na sua boca, é como você se comunica, é algo muito sexual, e se você beijar alguém estará deixando a sua marca."

Você acha que funciona como uma armadura, de certa forma? Quando eu estou com uma garota e ela está usando um batom forte, eu penso 'que merda, isso vai deixar marcas em mim'.
"Às vezes isso é bom, cara!"

Touché. Eu li que você, assim como Rayon, teve sua batalha pessoal com as drogas durante a adolescência.
"Eu tive. Quanto ao uso de drogas e as disfunções, posso dizer que as minhas experiência pessoais me ajudaram a no desempenho. Na verdade, foi uma benção, com tudo isso de volta ajudou a me preparar."

Era só coca, ou...
"Não foi só coca. Eu usei tudo. Tudo. Eu era um consumidor de oportunidades iguais, e se você tivesse, eu usaria. Mas isso me ensinou muito sobre mim e foi um grande aprendizado."

Portanto, é um círculo completo muito interessante, então o seu melhor desempenho no cinema, na minha opinião, é como um viciado em drogas lutando com seus demônios interiores.
"Essa é uma ótima colocação. Este desempenho está relacionado com alguns dos maiores desafios que tive na minha vida."

Em uma entrevista recente ao The Big Issue, você mencionou um momento 'envolvendo uma arma e um pouco de cocaína', e que isso foi um momento decisivo para você. O que aconteceu?
"[Pausa] Essas são os tipos de coisas que você não pode entrar em detalhes. Isso era uma indicação de que era um caminho que eu deveria interromper de maneira abrupta. Ou eu iria para ficar naquela situação o não."

Certo, isso vai ser uma transição difícil para Rayon. Mas você já saiu na rua de drag?
"Já! Eu lembro que fui a Whole Foods, uma vez, e foi interessante, porque eu tive vários olhares. Ninguém me reconheceu, mas certamente ficaram me olhando. Algumas pessoas olhavam com curiosidade, alguns com espanto, e outros com olhar julgador. Isso aconteceu comigo quando eu estava gordo, muito gordo [para Chapter 27]. Eu me lembro de perguntar o horário para alguém, e eu fui enxotado. Me lembro de ver pessoas que eu conhecia e elas não sabiam que o meu físico era para um filme. Eu nunca vou esquecer isso. Fui até um produtor em Hollywood e eles me trataram muito mal. Eles pensaram que eu tinha chegado ao fundo do poço. Eles disseram: 'Nossa, certamente você cresceu, não é?', de uma forma muito, muito paternalista, crítica. Eu não conseguia acreditar. Mas essas são as coisas mais importantes para entender, com um personagem como Rayon."

Então quer dizer que você dirige vídeos, frente a sua banda de rock e ainda atua em filmes. Como você consegue usar todos esses diferentes chapéus?
"Se estou dirigindo ou atuando em um filme, ou em um palco, tudo isso vem do mesmo lugar. É uma resolução de problemas de forma criativa. Eu estava lá em baixo editando o novo vídeo do Thirty Seconds To Mars durante o almoço, em seguida, estava aquecendo a minha voz para os próximos shows, e agora estou aqui conversando com você. Você tem que olhar desse jeito, ou então você enlouquece. Dito isso, se eu estou trabalhando em Dallas Buyers Club, eu vou fechar todo o resto."

Já faz mais de cinco anos desde que você atuou pela última vez. Você vê esse papel como um desafio pessoal?
"Sim, faz uns cinco anos desde o meu último filme. Eu imaginei, o que é uma subida íngreme... isso é ótimo! Eu senti que era algo que eu tinha que fazer. O desafio era enorme e me seduziu."

Sou da década de 90, então temos que discutir My So-Called Life. Quais as suas reações quando você olha para o passado? Você gosta, você pensa 'merda, anos 90 foram tão constrangedores' ou você olha com um certo carinho?
"Eu ouço que os anos 90 está de volta em grande estilo! [Risos] No geral, na minha vida, eu faço um monte de coisas diferentes. Quando eu olho para o passado, coisa que eu raramente faço, porque eu estou tão concentrado e ocupado com as coisas que eu tenho no presente, eu só tenho o que agradecer. Eu cresci sendo extremamente pobre, com uma mãe solteira criando duas crianças ainda adolescente. Então, para estar aqui e falar sobre a minha carreira é como 'Meu deus!'. É tudo incrível."

Você apresentou Kanye West no VMA e fez uma música com ele, "Hurricane". Qual é a sua opinião sobre Kanye? Ele é um cara atraente, mas eu sinto que ele é mal compreendido por muitas pessoas.
"Ele é fascinante. No núcleo do que ele faz, ele é um artista. Somos parecidos nesse sentido, porque amamos o processo. Ele gosta de fazer as coisas só por fazê-las, se tratando de roupa, música ou qualquer outra coisa. E ele teve muito sucesso em sua vida e não tem que trabalhar, se ele não quiser."

Você e McConaughey têm algum tipo de ritual antes de filmar?
"Eu conheci o diretor, McConaughey e Jennifer pela primeira vez ontem. Eles estavam brincando sobre isso, mas essa é a verdade. Nós conversamos pela primeira vez ontem."

Até onde você foi com isso? Dormiu com um vestido?
"Uma senhora não dorme em suas vestes, querida!"