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ENTREVISTA DO PAI DO NEYMAR -LEIA

Pai de Neymar controla gastos e decide futuro de ídolo santista

Neymar da Silva Santos, pai de Neymar, se diz um "filtro" do filho. Tudo passa por ele antes de chegar ao garoto. Não é o empresário, mas controla todos os seus gastos, ajuda nas decisões, orienta e dá conselhos.Ele contou que controla a ansiedade do filho, e diz que pensa na Europa, mas não agora. "Não podemos pular etapas".

Como é sua relação com o Neymar?
Neymar - A gente colocou metas pra ele. Ele usava brincos na base, mas eu não queria que ele fosse julgado por isso, mas apenas pelo seu futebol. Quando ele foi para o profissional, ele tinha que provar o talento dele. Provar que era um garoto que chegava para ocupar um espaço no cenário do futebol. Eu achava que naquele momento não era necessário usar essas coisas. Quanto mais simples ele se mostrasse, mais o futebol dele ia aparecer.

E como funciona este sistema de metas?
Neymar - Cada coisa que ele vai conquistando, a gente vai dando algo. Sempre brinco com ele: se eu for colocando tantas metas, daqui a pouco ele vai parecer uma árvore de Natal, pois ele vem conquistando seus objetivos. São metas como fazer um gol, alcançar a titularidade, fazer com que as pessoas olhem para o futebol dele. A última foi o carro: a gente conseguiu comprar um carro para ele. É como um ratinho de laboratório: ele vai fazendo e você vai dando a comidinha para ele. E, graças a Deus, tem dado retorno. E não significa ganhar título. Claro que é importante, mas o que vale é forma com que ele se comporta, está sempre disposto, presente, se dedica aos jogos, se mantém maduro. Ele consegue fazer uma leitura legal do futebol. Depois do jogo, eu falo com ele sobre a partida e ele consegue ter uma leitura daquilo que a gente viu do lado de fora.

O senhor controla todos os gastos dele?
Neymar - Sim, isso não mudou. Neymar nem sabe quanto ganha. Só sabe pelos jornais. Isso nem passa por ele. Quem administra sou eu e minha esposa. A gente direciona tudo, sempre damos um limite para ele.

E a vida social dele?
Neymar - Ele tem hora para voltar, desde que fale para onde vai.

- Como resistir às propostas da Europa?
Neymar - Eu não deixo ele pensar nisso neste momento. Eu falo para ele: "temos um contrato com o Santos até 2014. Temos uma multa rescisória muito alta e até agora não vi nada de concreto. Então não sofra antes da hora. Continue jogando seu futebol e deixe as coisas aconteceram naturalmente na sua vida. Quando isso acontecer, a gente vai ver o que vai fazer.

- Mas vocês pensam quando e pra onde o Neymar vai?
Neymar - A pergunta principal é "onde?". É claro que a gente não é hipócrita de dizer que ele não quer jogar na Europa. Mas o Neymar tem um sonho primeiro, que é uma convocação para a seleção brasileira, jogar pelo país. E tem outro sonho, o de conquistar um título pelo Santos. Puxa, o Neymar tem o privilégio de jogar pelo time que torce!

- Mas é fato que ele vai sair do país em breve...
Neymar - São metas. É legal sair do país, você vai ter independência financeira. Mas, poxa, a primeira realização profissional é importante: sair daqui maduro, saber entender o futebol brasileiro, depois entender uma competição internacional. O Neymar é precoce, a seleção é uma experiência internacional. Depois, sim, você vai pensar em alguma coisa diferente, um clube, um país para se habituar, traçar uma carreira.

- E sobre jogar a Copa da África?
Neymar - Temos uma chance, quem sabe. A gente está na torcida.

- Qual foi a principal mudança dele dentro de campo?
Neymar - O progresso foi natural. O Neymar estava com 17 anos, hoje está com 18. Então há um amadurecimento natural. Essa explosão, força física, só vem com o tempo. Não adianta você querer pular etapas. Você pode pular, mas Deus não pula. Por mais que vocÊ faça, a natureza tem seu tempo.

- Acha que a perda do título para o Corinthians, no ano passado, foi uma lição pra ele?
Neymar - Ele foi muito bem na final. Foram detalhes, uma situação ode jogo. Contra o São Paulo [na semifinal de 2010], o Neymar tomou um cartão e o Marlos [meia do São Paulo] tomou em seguida. O Neymar podia ter tomado um outro cartão e ser expulso. O Marlos, que está tendo a mesma trajetória do Neymar, ficou de fora da partida por causa de um detalhe. Aquela final do Corinthians foi assim. O Neymar estava bem no jogo... se o juiz amarela o [volante] Cristian em determinado momento do jogo, a história seria outra. Tudo no final é detalhe. Ele foi bem no ano passado, levou o Santos à final do Paulista e já está disputando uma decisão novamente!

- E fora de campo, o que mudou no Neymar?
Neymar - O mundo ficou maior para ele. E me dá mais trabalho, pois vamos ter que falar mais "não" pra ele. Toda hora é "não". E você começa ser um cara chato. Mas ele está compreendendo as coisas. É uma vida pela frente, terei que discutir, brigar, falar a toda hora, ouvir que sou chato. Mas no final, vamos colher os resultados e ouvir dele que valeu a pena.

- Sobre o episódio do Lar Mensageiros da Luz, quando Neymar e outros jogadores se recusaram a fazer uma visita por ser um local que segue a doutrina espírita, o que o senhor achou?
Neymar - Aquilo foi falta de experiência, de amadurecimento. Não foi um erro, mas falta de informação, de sabedoria. Não dele, mas de todos. Ele se assustou com a situação. Tem experiências que você vai adquirir na vida apenas errando. De vez em quando você é obrigado a errar para aprender na vida.

- A expulsão contra o Palmeiras também foi falta de experiência?
Neymar - Ali foi uma infelicidade total do árbitro. O erro do Neymar foi ter reagido daquela maneira [após a expulsão, ele xingou o árbitro e foi suspenso por isso]. Mas imagina o susto que ele levou ao ver o cartão vermelho na mão do árbitro. Há situações em que ele terá de aprender, crescer, ser um cara muito frio. Aquilo foi um aprendizado para ele, que precisa saber que às vezes as coisas não são justas. E não adianta ficar nervoso, se exaltar. Precisa ser inteligente.

- E como evitar que ele se empolgue com tamanha badalação?
Neymar - Conversando. Dia a dia, minuto a minuto, ficando junto dele em todos os momentos. Temos consciência cristã, evangélica. O Neymar conhece a palavra. Ele está aprendendo, crescendo.